O Presidente do IAVE, Luís
Santos, refere hoje em entrevista no Público alguns aspectos interessantes como
a afirmação já conhecida de que os relatórios das provas de aferição são pouco
considerados nas escolas, do meu ponto de vista o modelo existente potencia
esta situação, ou que na construção dos exames do secundário se verificará “algum
encolhimento” nos conteúdos de diferentes disciplinas que serão incluídos. Esta
situação decorre da existência de alunos envolvidos no projecto-piloto da flexibilidade
curricular e dos restantes que cumpriram o currículo em vigor com as implicações de natureza óbvia que se verificam nas matérias abordadas.
Como alguém disse, estava escrito
nas estrelas.
Recordo que em Março de 2018 a
imprensa referia inquietações expressas por pais, professores e directores de
escola relativamente ao projecto-piloto de autonomia e flexibilidade curricular
em desenvolvimento em 233 escolas, sobretudo ao impacto que alguns admitirão existir
no desempenho dos alunos em exames nacionais uma vez que os currículos
permanecem inalterados e teme-se que a existência de efeitos.
Ao que se referia, boa parte das
escolas mesmo as envolvidas no projecto não estariam a introduzir mudanças no
10º ano apesar de as entenderem globalmente positivas pois não sabiam que reflexo
essa alteração poderia ter no desempenho dos alunos nos exames. Aliás, referiam
mesmo a existência de “Medo dos exames nacionais”.
Aliás, no âmbito do
acompanhamento do projecto por parte da OCDE, Andreas Schleicher, o seu Director
do Departamento de Educação, também se referiu à dificuldade de conciliar o
modelo de flexibilidade curricular com a norma curricular para os exames.
Como já tenho escrito a propósito
de vários aspectos, importaria que as mudanças ou experimentação em educação
entendidas por necessárias, e estas serão, não se realizassem de forma apressada,
sem um consenso tão sólido quanto possível sobre objectivos, conteúdos e
calendário e a consideração prévia das condições e requisitos que sustentem as
mudanças em execução com um mínimo de sobressaltos e de riscos.
Como muitas vezes refiro, é tão
importante "fazer as coisas certas como fazer certas as coisas". Se
bem repararmos nem sempre isto se verifica, mesmo na nossa acção individual. Em
políticas públicas é ainda mais necessário, em educação é crítico.
É claro o risco de transformar algo que poderia ser positivo num problema. Sei que não é fácil prever tudo e que as mudanças, mesmo quando necessárias, têm custos de diferente natureza mas existem situações em que os riscos devem ser mínimos. Podem acontecer efeitos negativos e representações desfavoráveis sobre a mudança, alimentam-se as opiniões críticas, surgem dificuldades para alunos e escolas que seriam dispensáveis e, finalmente, comprometem-se os próprios resultados fragilizando entendimentos que seriam essenciais.
É claro o risco de transformar algo que poderia ser positivo num problema. Sei que não é fácil prever tudo e que as mudanças, mesmo quando necessárias, têm custos de diferente natureza mas existem situações em que os riscos devem ser mínimos. Podem acontecer efeitos negativos e representações desfavoráveis sobre a mudança, alimentam-se as opiniões críticas, surgem dificuldades para alunos e escolas que seriam dispensáveis e, finalmente, comprometem-se os próprios resultados fragilizando entendimentos que seriam essenciais.
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