A partir do próximo ano lectivo também no ensino secundário
se verificará a redução do número máximo de alunos por turma.
Cada turma terá um número mínimo de alunos de 24 e um máximo
de 28 em vez dos actuais 26 de mínimo e 30 de máximo. O ensino profissional
também terá pelo menos 22 e no limite 28 alunos por turma.
Contrariamente à situação actual, as turmas do secundário
podem ainda ser reduzidas até 22 alunos se se existirem alunos com necessidades
específicas que o justifiquem.
Não tenho dados disponíveis que mostram o impacto desta alteração,
muitas turmas já funcionam com este efectivo mas, de qualquer forma, as
alterações que se vierem a verificar serão potencialmente um ganho.
Como já escrevi e insisto, seria desejável que em conjunto
com a redução do efectivo de turma se considerasse um outro importante aspecto
nem sempre valorizado, o número de alunos por professor. Muitos professores
lidam com muitas turmas perfazendo números acima dos 120 ou 150 alunos. Parece
dispensável explicitar as implicações negativas desta situação.
A revisão de estudos sobre o número de alunos por turma e o
seu impacto mostra o que também conhecemos, existem vantagens em turmas de
menor dimensão que podem ser mais ou menos significativas em função das
variáveis em análise.
Parece-me de acentuar que os estudos sugerem com clareza a
existência de impacto positivo no clima e comunicação na sala de aula, na maior
facilidade de práticas educativas mais diferenciadas, no comportamento dos
alunos, etc., o que, evidentemente deve ser considerado.
Alguns estudos, apenas centrados em resultados, não
encontram diferenças significativas mas também me parece que nem sempre são
consideradas variáveis importantes, de contexto por exemplo, o que
frequentemente também não é tido em conta nos discursos de alguns economistas
da educação.
É também fundamental considerar as diferentes
características dos diversos territórios educativos independentemente da sua
classificação como TEIP. Na verdade, é necessário considerar as diferenças de
contexto, isto é, a população servida por cada escola, as características e
dimensão da escola, a constituição do corpo docente, os recursos disponíveis,
etc. Importa ainda sublinhar que a qualidade e sucesso do trabalho de
professores e alunos depende de múltiplos factores, sendo que a dimensão do
grupo é apenas um, ou seja, importa considerar, vejam-se relatórios e estudos
nesta área, as práticas pedagógicas, os processos de organização e
funcionamento da sala de aula e da escola, recursos e dispositivos de apoios,
bem como o nível de autonomia de cada escola ou agrupamento, entre outros. Daí
a importância de promover uma autonomia real. Aliás, dentro do que entendo por
verdadeira autonomia das escolas, deveriam ser a ter a competência para definir
e organizar as turmas embora aceite a existência de orientações nesse sentido.
Aliás, também com base na autonomia das escolas poderiam ser
consideradas outras opções como a presença de dois professores em sala de aula.
Em algumas circunstâncias pode ser mais vantajosa que a redução do número de
alunos por turma.
Acresce nesta matéria a importância da qualidade do trabalho
em turmas com alunos com necessidades educativas especiais o que,
evidentemente, deve ser considerado na análise do efectivo de turma, desde logo
cumprindo o que esteja legislado e acautelando a tentação de “inclusões
administrativas” em que os alunos ficam “entregados” e não “integrados”.
Diga-se ainda que é quase dispensável referir a diferença
entre trabalhar com 26 ou 28 alunos num estabelecimento privado de acesso
“protegido” ou com o mesmo número de alunos num mega-agrupamento de uma escola
pública em que um professor lida com várias turmas, centenas de alunos ou se
desloca entre escolas para trabalhar.
Não só por esta razão, dimensão das turmas e qualidade do
trabalho dos alunos, de todos os alunos, e dos professores, também me parece
que deveria ser promovida uma verdadeira desburocratização do trabalho nas
escolas e promovido algum ajustamento na sua organização e funcionamento o que
certamente libertaria tempo de professores para trabalho em turma ou em apoios
que promovessem qualidade.
Sei que mudanças neste sentido são politicamente difíceis e terão custos. No entanto, são imprescindíveis e os custos do
insucesso e da exclusão são incomparavelmente mais caros.
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