Na imprensa de hoje surgem
diversas referências ao recentemente publicado pela OCDE, “TALIS 2018 Results (Volume I) Teachers and School Leaders as Lifelong Learners”. De acordo com a apresentação, “Results from the
2018 cycle explore and examine the various dimensions of teacher and school
leader professionalism across education systems.”
São na verdade múltiplos os
aspectos relevantes contido no estudo e um dos que a imprensa mais sublinha pelo
seu impacto é a preocupante média de idades dos docentes portugueses. Os nossos professores têm em média 49 anos de idade, mais cinco anos que
o verificado nos países da OCDE que participam no TALIS. No mesmo sentido, 47%
dos docentes em Portugal têm 50 anos ou mais face à média de 34% verificada na
OCDE.
Esta questão não é nova, longe
disso, também a OCDE já em 2018 no “Reviews of School Resources: Portugal 2018”,
os dados mais recentes da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência
e estudos do CNE têm vindo a alertar para o envelhecimento brutal da classe
docente e as potenciais consequências negativas e que se agrava a cada ano que
passa. Como escrevi várias vezes a este propósito, num país preocupado com o
futuro o cenário existente faria emitir, como agora se usa, um alerta vermelho
e agir em conformidade. Neste sentido insisto em notas repescadas.
Com os dados disponíveis, muito
provavelmente, durante a próxima década precisaremos de renovar metade da classe
docente.
A este perfil etário dos docentes
acresce que como é reconhecido em qualquer país, a profissão docente é altamente
permeável a situações de burnout, estado de esgotamento físico e mental
provocado pela vida profissional. Esta associação compõe uma situação mesmo preocupante.
Na verdade, este cenário só pode
surpreender quem não conhece o universo das escolas, como acontece com boa
parte dos opinadores que pululam pela comunicação social perorando sobre
educação e sobre os professores.
Também se sabe que as oscilações
da demografia discente não explicam a saída de milhares de professores do
sistema, novos e velhos, como também não explicam a escassíssima renovação,
contratação de docentes novos. Sem estranheza, no universo do ensino privado é
bastante superior a presença de docentes mais jovens. Não esqueçamos ainda a
deriva política a que o universo da educação tem estado exposto nas últimas
décadas, criando instabilidade e ruído permanente sem que se perceba um rumo,
um desígnio que potencie o trabalho de alunos, pais e professores. Acresce que
sucessivas equipas ministeriais têm empreendido um empenhado processo de
desvalorização dos professores com impacto evidente no clima das escolas e nas
relações que a comunidade estabelece com estes profissionais.
Sabemos que os velhos não sabem
tudo e os novos nem sempre trazem novidade. Mas também sabemos que qualquer
grupo profissional exige renovação pelas mais variadas razões como as de natureza emocional, de suporte, partilha de experiência ou pela diversidade.
Com a previsível
aposentação de milhares de professores num prazo relativamente curto teremos
uma significativa falta de docentes. O problema é que muito pelo contributo de
opinadores e por efeitos de algumas das políticas públicas em matéria de
educação a profissão de professor perdeu capacidade de atracção.
A renovação acelerada que será
necessária corre o risco de não encontrar novos docentes disponíveis. Aliás, já
durante este ano lectivo tem sido noticiada a dificuldade de encontrar docentes
em alguns grupos disciplinares.
Seria desejável que não nos
esquecêssemos que os sistemas educativos com melhor desempenho são também os
sistemas em que os professores são mais valorizados, reconhecidos e apoiados.
Voltaremos a alguns dados do TALIS 2018.
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