quarta-feira, 26 de junho de 2019

DO HORROR


A fotografia de Oscar e Valeria, pai e filha com 23 meses, sem vida, num último abraço à beira do Rio Grande, a fronteira entre México e Estados Unidos que queriam passar perseguindo um sonho de vida digna, a fotografia de Yanela Sanchez a chorar na fronteira dos EUA, a fotografia de Omran, 5 anos, em Alepo dentro de uma ambulância em 2016 a fotografia de Aylan, três anos e também sírio, morto numa praia turca, a fotografia de … deveriam ser motivo para que a gente que manda no mundo não dormisse.
O terror percebido naquele abraço é um murro violento num mundo que não os soube proteger nem alimentar um sonho.
Já faltam as palavras para falar do horror e da barbaridade que vão acontecendo e cada vez mais perto de nós.
A merda de lideranças actuais da generalidade dos países que põem e dispõem no xadrez do poder mundial e de tantos outros subservientes e submissos que, em muitos casos, de pessoas não sabe nem quer saber, permite, sem um sobressalto e com palavras que de inócuas são um insulto, que se assista à barbaridade obscena que as imagens, os relatos mostram e o muito que se imagina mas não se vê.
Crescem muros, morre gente inocente, milhões de vidas destruídas, a barbaridade estende-se, o horror é imenso e, por vezes, nem a retórica da condenação é convincente e muitos menos, evidentemente, eficaz.
A questão é séria, os ventos sempre semeiam tempestades e as tempestades num mundo global não ficam confinadas nos epicentros.
Não existe terror mau e terror bom. Não existe horror mau e horror bom. Não existe terrorismo bom e terrorismo mau, não existe democracia sem direitos humanos.
Como é possível que tal horror aconteça e tanta gente com responsabilidades assobie para o ar e se fique pelas palavras de circunstância?

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