A propósito da recente decisão de
que os funcionários públicos disponham de 3h para acompanhar os seus filhos no
primeiro dia de aulas, o I tem uma peça sobre a necessidade de incentivar a relação
dos pais e encarregados de educação da escola.
Todas as medidas que possam
contribuir para a promoção desta relação podem ser positivas mas esta decisão será,
do meu ponto de vista, mais simbólica que com impacto efectivo, deixa de fora
os pais que não trabalham na administração. Não se percebe o que farão
professores, técnicos ou funcionário que também são pais e, acho que se pode
afirmar isto, sobretudo no 1º e 2º ciclo muitas famílias encontram já forma de
acompanhar os seus filhos no primeiro dia.
A questão central tem ver com os
dias seguintes, ou seja, que relação regular se estabelece entre pais e
encarregados de educação e a escola. Trata-se de uma necessidade que se verifica na generalidade os sistemas educativos. Parece dispensável sublinhar a sua importância e na situação mais particular de alunos com necessidades especiais este envolvimento é crítico e, muitas vezes, não acomodado da melhor forma, para recorrer a um termo em moda.
assim como referir que se trata de uma dificuldade por resolver na
generalidade os sistemas educativos.
Como múltiplos encontros com pais
e diferentes estudos sugerem não podemos esquecer os constrangimentos
decorrentes da legislação e horários laborais e a desmotivação ou negligência
por parte dos pais pra além do impacto de alterações significativas nos estilos
de vida com impacto nos tempos das famílias.
Também me parece claro ser
necessário, por exemplo em sede de Concertação Social, avançar com propostas de
alteração legislativa e, sobretudo, na organização horária do trabalho que
poderia, essa sim, ter impacto na disponibilidade dos pais. Existem exemplos de
diferentes países que se revelam mais positivos
No entanto julgo de considerar
outros aspectos. Para além dos pais negligentes que existem e requerem outra
abordagem creio que os pais e encarregados de educação que apesar de poderem
vão pouco à escola ou nunca vão, se podem dividir em dois grupos, os pais que
não alcançam a escola e os pais que a escola não alcança. Os primeiros são os
que entendem, consciente ou inconscientemente, que a sua presença é
irrelevante, não sabem discutir a escola, a escola é que sabe e decide sobre os
filhos e deve resolver os seus problemas. Os outros, são os pais a quem o
discurso produzido com alguma frequência pela escola sobre os seus filhos os
leva a afastarem-se progressivamente. A experiência mostra que quando as
crianças são mais pequenas, pré-escolar e 1º ciclo, os pais aparecem e
começando afastar-se sobretudo a partir do 2º ciclo.
Neste quadro, creio que se o
desejo de maior envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos for mais do
que uma retórica, o sistema, através dos modelos de funcionamento, autonomia
real e recursos das escolas, deverá introduzir alguns ajustamentos no sentido
que algumas boas práticas sustentam.
Redefinição urgente do papel dos
Directores de Turma e das condições de exercício da função pois são peças
nucleares nos processos educativos e estão muitas vezes entregues a tarefas
quase administrativas, criação de dispositivos com professores motivados,
existem muitos, que possam ir ao encontro dos pais que a escola não alcança.
Talvez da carga burocrática que rouba tantas horas de professores se pudessem
recuperar algumas para outro tipo de trabalho não docente, mais útil e mais
motivador.
Mudança nas formas e suporte do
contacto, relação, comunicação entre a escola e a família, por exemplo,
repensar a tipologia e conteúdos das reuniões de pais.
Parece também importante a
existência de estruturas de mediação entre a escola e a família o que implica a
existência de recursos humanos qualificados e disponíveis, veja-se o trabalho
dos GAAF apoiados pelo IAC, experiências no âmbito da intervenção da Associação
EPIS ou iniciativas ou projectos que algumas escolas conseguem desenvolver com resultados
interessantes.
Recurso concertado às Associações
de Pais como mediadores entre a escola e os pais que não vindo à escola, também
não são dos que integram as Associações.
O espaço é curto mas creio que no
actual quadro é possível ir um pouco mais longe na tentativa imprescindível de
maior envolvimento dos pais na vida escolar dos miúdos, questão em mudança,
sempre, e que obriga a uma contínua reflexão sobre os papéis e os processos e
formas de envolvimento.
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