Contrariamente ao que tinha sido
anunciado, já não se estranha, o Ministério da Ciência, Ensino Superior e Tecnologia
decidiu não equiparar as licenciaturas (incluindo as de cinco anos) concluídas
antes da reforma de Bolonha a mestrados para efeitos de concursos ou de
prosseguimentos de estudos.
Uma pequena nota. Desde o início
tenho afirmado que o processo de reforma no ensino superior mais conhecido pela
"Reforma de Bolonha" radicou mais em questões económicas, o
financiamento do ensino superior, que de natureza científica, curricular ou de
mobilidade envolvendo estudantes e professores. O encurtamento do chamado grau
de licenciatura para três anos e a criação do 2º ciclo, o grau de mestrado,
possibilitou que na grande maioria dos cursos passassem a ser as propinas dos
alunos a financiar o 2º ciclo com custos elevadíssimos em muitos
estabelecimentos de ensino superior.
Tal decisão, sobretudo a
atribuição do grau de licenciatura a uma formação de três anos, gerou, como não
podia deixar de ser um enorme equívoco que só por má-fé ou incompetência não
foi antecipado aquando da decisão. O equívoco foi criar a situação em que
pessoas com formações de natureza superior com a mesma duração, cinco anos,
realizadas na mesma instituição, possam ter grau de licenciado ou de mestrado
consoante a data em que finalizam os estudos.
De facto, passei a ter alunos que
com um currículo com conteúdos essências da mesma natureza e com cinco anos de duração terminavam licenciados e os alunos pós-Bolonha que com os mesmos cinco anos e com o
mesmo conjunto de competências são mestres.
Para além disso, ainda temos os
detentores do grau de mestre obtido antes da bolonhesa ideia que pedalaram
cinco anos de licenciatura e mais dois ou três anos de trabalho de um programa
de mestrado para acederem ao grau de mestre. Para ruído não está mal.
O anúncio de que aquelas
licenciaturas seriam para efeitos de concursos ou prosseguimento de estudos equiparadas aos
actuais mestrados parecia resolver uma situação de iniquidade que afectava
muitos milhares de licenciados embora, por exemplo, na minha área já muita
gente desencadeou, com os respectivos custos, o processo de equivalência através de procedimentos definidos
pelas instituições.
Não sei qual a justificação para
o recuo, a situação de outros países, não serve bem, mas, mais uma vez temo que
sejam questões de natureza económica e tenham pouco a ver com graus e competências
académicas.
A verdade é que mais cambalhota,
menos cambalhota, não se estranha.
2 comentários:
Ola Professor, deixo aqui um Link de um artigo muito interessante que li no jornal Publico.
Vale a pena ler.
Obrigada
Ana
https://www.publico.pt/2018/10/04/sociedade/opiniao/bolonha-mestrados-e-emprestimos-a-estudantes-do-ensino-superior-1846136
Olá,obrigado, tinha lido
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