Como disse Camões o mundo é
composto de mudança tomando sempre novas qualidades. Ainda bem que se assim é
embora nem sempre as novas qualidades tenham só qualidade.
A propósito de umas leituras que
estou a fazer na preparação de um trabalho da próxima semana comecei a pensar
em duas das “qualidades” que o mundo parece ir tomando. São de natureza
diferente mas acho que estão próximas nas concepções que as informam e nas suas implicações no nosso viver
diário.
Começam a ser familiares as referências
aos movimentos de disneyficação dos espaços urbanos, onde se concentra a maioria
da população, e à gamificação do ensino, desde o básico ao superior.
Como é óbvio parece-me claro que
aos espaços e equipamentos urbanos se modernizam mas não me parece interessante
correr o risco de viver num parque de diversões com alterações nos estilos de
vida, no acesso e consumo de cultura, na continuação do enfraquecimento das
relações de vizinhança e comunidade, etc.
No que respeita ao ensino temo os
efeitos de algum deslumbramento com dispositivos que, mais do que ferramentas,
passem a ser os gestores dos processos de aprendizagem. Muitas vezes tenho
defendido por aqui a enorme importância do jogo e do brincar na vida dos miúdos
em casa, na escola ou nos espaços das comunidades.
Mas a vida em casa, na sala de
aula ou na comunidade é mais do que um jogo e não tem sempre a natureza de um
jogo.
Este caminho de disneyficação dos
espaços e estilos de vida urbana e a gamificação do ensino em que a sala de
aula se poderá transformar numa permanente sala de jogos requerem alguma prudência. O
deslumbramento e alguns efeitos imediatos podem não ser bons conselheiros.
Talvez isto seja conversa
resultante de uma tarde áspera de calor aqui no monte que nos deixa um pouco “amagados” como se fala aqui no Alentejo.
No entanto, sou optimista, bem vistas as coisas, não sou assim tão Velho e
também não sou do Restelo. Ah, e os meus netos e os outros netos vão saber
lidar com isto.
Voltemos ao trabalho.
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