No âmbito da realização no Museu
da Farmácia de um ciclo de conferências sobre a sexualidade que se iniciou sobre
a questão da sexualidade na vida das pessoas com deficiência no DN encontra-se
uma entrevista muito interessante com Diana Santos, psicóloga clínica, pertence à direcção do Centro de Vida Independente, associação criada em 2015 para
promover a autonomia de pessoas com deficiência. A Diana tem 34 anos, uma
deficiência motora, desloca-se em cadeira de rodas.
Trata-se de uma questão muito
importante, respeitante a direitos, qualidade de vida e felicidade de muitos
milhares de pessoas.
É fundamental o conhecimento e a
reflexão sobre estas matérias apesar da sua enorme complexidade, que, aliás, as
pessoas mais próximas dos problemas, pais, técnicos e as próprias pessoas,
reconhecem.
É certo que para muitos de nós os
problemas que afectam as minorias são … problemas minoritários pelo que não nos
afectam. No entanto, como tantas vezes afirmo, os níveis de desenvolvimento de
uma sociedade também se aferem pela forma como lida com os problemas de grupos
sociais minoritários.
Assim, a reflexão e conhecimento
mais alargado sobre estas questões são desde logo um contributo para combater
um enorme equívoco instalado, sexualidade na deficiência não é a mesma coisa
que deficiência na sexualidade.
A experiência e alguns estudos
dizem-me que este equívoco está também presente em discursos e atitudes de
famílias e técnicos para além da comunidade em geral.
É uma questão complexa, no caso
das pessoas com deficiência cognitiva mais severa pode colocar-se a questão da
autodeterminação e do risco de abuso, por exemplo, sendo muito contaminada
pelos valores dos indivíduos, dos técnicos e das famílias incluindo,
naturalmente, as das pessoas com deficiência, quer relativos à sexualidade,
quer relativos à vida e direitos das pessoas com deficiência. Aliás, com
demasiada frequência parece esquecer-se que muitos dos problemas que as pessoas
com deficiência e as suas famílias sentem, não são matérias de opção, são
matéria de direitos.
Uma das questões levantadas na
entrevista, a existência de “assistentes sexuais” é um exemplo da complexidade
deste universo.
Acresce ainda que
em muitas circunstâncias é uma matéria da qual "se foge" pois
subsistem as dúvidas sobre o que pensar, como agir ou atitudes a adoptar.
Neste contexto, a iniciativa
referida no DN e a própria entrevista são mais um importante contributo para
reflectir e caminhar num sentido de protecção dos direitos das pessoas e do seu
bem-estar em múltiplas circunstâncias.
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