domingo, 16 de setembro de 2018

DAS COMPETÊNCIAS FOFAS


Parece claro de há uns anos para cá que a educação escolar envolve o desenvolvimento e aquisição de um conjunto de saberes, comportamentos, competências, etc, nas suas diferentes derivações, que está para além da lógica de aquisição de saberes de natureza disciplinar.
Daqui tem decorrido uma permanente discussão em torno do currículo que oscila entre a definição estreita e normativa de saberes de natureza disciplinar e a ”obesidade curricular”, em que tudo o que pode ser importante a escola pode “ensinar”.
Mais recentemente, com a definição de Perfil dos Alunos à saída da escolaridade obrigatória pretende-se regular o que deve ser o resultante para cada aluno do seu percurso escolar obrigatório.
Parece-me positivo este caminho.
No entanto, começam a emergir alguns discursos e orientações que partindo da ideia antiga das “soft skills”, para além dos saberes instrumentais de natureza disciplinar, inventariam longas listas de competências a promover nos alunos.
Quando atento nalgumas dessas orientações lembro-me do meu amigo João que fala das “competências fofas” numa tradução curiosa das “soft skills”, é um lista imensa.
Julgo, mais uma vez, que é preciso bom senso. Tão desajustado é um currículo normativo, prescritivo, fechado em disciplinas, como um currículo que integra como matéria de trabalho uma infinidade de “competências fofas” que podendo, algumas delas, ser de facto importantes, não têm que se constituir como “objecto” de trabalho escolar. Decorrem da qualidade desse trabalho, da autonomia dos professores, escolas e alunos e, naturalmente, da educação familiar.

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