Parece claro de há uns anos para
cá que a educação escolar envolve o desenvolvimento e aquisição de um conjunto
de saberes, comportamentos, competências, etc, nas suas diferentes derivações, que está para além da lógica de aquisição de saberes de natureza disciplinar.
Daqui tem decorrido uma
permanente discussão em torno do currículo que oscila entre a definição
estreita e normativa de saberes de natureza disciplinar e a ”obesidade
curricular”, em que tudo o que pode ser importante a escola pode “ensinar”.
Mais recentemente, com a
definição de Perfil dos Alunos à saída da escolaridade obrigatória pretende-se
regular o que deve ser o resultante para cada aluno do seu percurso escolar obrigatório.
Parece-me positivo este caminho.
No entanto, começam a emergir alguns
discursos e orientações que partindo da ideia antiga das “soft skills”, para
além dos saberes instrumentais de natureza disciplinar, inventariam longas
listas de competências a promover nos alunos.
Quando atento nalgumas dessas
orientações lembro-me do meu amigo João que fala das “competências fofas” numa
tradução curiosa das “soft skills”, é um lista imensa.
Julgo, mais uma vez, que é
preciso bom senso. Tão desajustado é um currículo normativo, prescritivo,
fechado em disciplinas, como um currículo que integra como matéria de trabalho uma
infinidade de “competências fofas” que podendo, algumas delas, ser de facto
importantes, não têm que se constituir como “objecto” de trabalho escolar.
Decorrem da qualidade desse trabalho, da autonomia dos professores, escolas e
alunos e, naturalmente, da educação familiar.
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