Apesar dos resultados positivos
que se registaram nos estudos comparativos internacionais PISA (Programme for
International Student Assessment) e TIMSS (Trends in International Mathematics
and Science Study) de 2015, que se saúdam, têm vindo a ser divulgados dados de outros
dispositivos de avaliação dos alunos portugueses que nos devem colocar em alerta.
Ontem conhecemos os resultados de 2016
do PIRLS (Progress in International Reading Literacy Study) sobre a literacia
em leitura aos 9/10 anos e verificou-se que apesar de se situar acima da média
o resultado dos alunos portugueses baixou 13 pontos passando da 19ª posição em
2011 para a 30ª em 2016.
Em Maio a Direcção Geral de
Estatísticas da Educação e Ciência divulgou um estudo “Resultados escolares por
disciplina - 2º ciclo - ensino público" relativo ao ano de 2014/2015. Para
além de outros dados, salienta-se que a Matemática é claramente a disciplina
que os alunos têm menor desempenho. Cerca de 30% dos alunos tiveram resultado
negativo e é também a disciplina em que os alunos sentem mais dificuldade em
recuperar, passar de resultado negativo para resultado positivo.
Registe-se ainda a relação entre
o desempenho escolar e o contexto socioeconómico familiar, no 5º ano 44% dos
alunos no escalão máximo de acção social escolar tiveram negativa a Matemática,
28% dos alunos no segundo escalão e 16% não envolvidos em dispositivos de
apoio.
Mais recentemente foram conhecidos
os mesmos dados relativos aos alunos que estavam no 3º ciclo em 2014/2015 que
replicam o padrão já verificado no trabalho sobre o 2º ciclo.
Em termos globais o chumbo atinge
13.1% dos alunos no ciclo. Por anos, o 7º é o que regista maior retenção, 16.7%, também é verificado nos anos iniciais de cada ciclo. Embora no 8º e
9º a retenção diminua tal não parece decorrer de trabalho de recuperação mas do
facto de muitos alunos retidos no 7º serem encaminhados para outros trajectos
escolares.
Ao nível dos aspectos mais finos
da retenção é relevante que 66% dos alunos que chumbam no 7º ano reprovam a
seis ou mais disciplinas sendo a Matemática a que apresenta indicadores mais
pesados. No entanto, se o critério for de cinco disciplinas ou mais a taxa
passa para uns dramáticos 85% que, evidentemente, são altamente condicionantes
de um trabalho de recuperação bem-sucedido.
Um outro dado, também em linha
com o que se verificou no 2º ciclo e sem surpresa, é a fortíssima associação
entre os altos níveis de retenção e a mais disciplinas e as condições
socioeconómicas familiares. De facto, em todas as disciplinas no 7º ano os
alunos que reprovam e estão incluídos no Escalão A da Acção Social escolar
(famílias co menores rendimentos) são o dobro de alunos com negativas mas não
abrangidos pela Acção Social Escolar.
É este cenário inquietante mas
que não surpreende que me leva, tal como afirmei em texto de ontem, a aguardar
com alguma expectativa os dados do PISA de 2018 que incluirá muitos dos alunos
agora retratados.
Finalmente os resultados das
provas de aferição também levantam inquietações, apesar da prudência sobre a
sua leitura a que na altura nos referimos, a sua eventual contaminação pela representação
que os discursos sobre as provas de aferição podem ter provocado nos alunos e
famílias no sentido da sua
desvalorização, por exemplo. Os resultados são preocupantes em todas as áreas
avaliadas à excepção das Expressões Artísticas e Motoras. O Ministério já
divulgou um conjunto de medidas a desenvolver destacando a promoção da formação
de professores, sempre a formação de professores como resposta mágica, tão
mágica como os exames, muitos exames, como garantia de qualidade só por
existirem.
Os alunos que agora responderam às provas de aferição serão avaliados no PISA de 2018, 2021.e 2024 e passaram globalmente pelao efeito das metas curriculares e da examocracia desde 2011 e 2012.
Veremos se conseguimos manter a trajectória de sucesso que vinha a registar-se até 2015, gostaria de estar mais confiante.
Os alunos que agora responderam às provas de aferição serão avaliados no PISA de 2018, 2021.e 2024 e passaram globalmente pelao efeito das metas curriculares e da examocracia desde 2011 e 2012.
Veremos se conseguimos manter a trajectória de sucesso que vinha a registar-se até 2015, gostaria de estar mais confiante.
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