O caso da Raríssimas é apenas a
mais recente e mediatizada face de um universo mais vasto.
O mundo das instituições e entidades que
operam no chamado universo social, de apoio e ajuda aos mais vulneráveis em
diferentes dimensões, é de grande dimensão e enraizado nas comunidades
movimentando muitos milhões de euros.
Operando na área dos apoios e prestando
serviços de natureza variada assume uma dimensão de poder ligada à necessidade sentida pelas pessoas, famílias e comunidades que é altamente tentador.
Neste cenário a teia e a escala de
interesses envolvidos é vasta. Desde os interesses políticos próprios da
partidocracia, do poder central ao poder regional, da gestão dos pequenos
poderes locais e o caciquismo, dos projectos de poder pessoal e visibilidade,
dos negócios e “oportunidades”, etc., de tudo poderemos encontrar.
Aliás e como muitas vezes refiro,
muitas instituições fazem-me recordar o conhecido princípio de Shirky, com
frequência as instituições tendem a alimentar os problemas para os quais
supostamente são a solução, é a manutenção do seu poder ou mesmo da
sobrevivência.
É necessário afirmar que não
estou a tomar a árvore pela floresta ou a generalizar abusivamente, seria
errado e injusto para a importância social e qualidade do trabalho desenvolvido
por muitas instituições.
Estou apenas a dizer que importa
regular e escrutinar de forma eficiente este universo. Importa dizer que esta
regulação pode e dever ser feita também por entidades fora da administração e
com independência reconhecida.
Não é tarefa fácil desde logo por naõ ter a certeza se exista genuíno interesse na promoção dessa regulação escrutínio. Nestas coisas a tradição ainda é o que era, o centrão entende-se, veja-se o caso ... da Raríssimas.
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