sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

O INFERNO DA POBREZA

Eu sei que estamos entrar no espírito natalício e no que lhe assiste. Durante a manhã a caminho do Alentejo ouvia as notícias no rádio do carro e a informação sobre trânsito registava alguns congestionamentos junto de zonas comerciais. Elucidativo.
Assim sendo, não querendo perturbar e antes de entrarmos mais no espírito natalício apenas uma brevíssima referência ao trabalho do INE, “Inquérito às Condições de Vida e Rendimento”, elaborado com dados de 2016 e ontem divulgado.
A percentagem de cidadãos em risco de pobreza baixou para 19% em 2015 para 18.3% e, como sempre, os mais vulneráveis continuam a ser crianças, jovens e idosos. É manifestamente pouco mas é positivo.
Os agregados familiares com crianças apresentam risco de pobreza acrescido, 19.7% face a 16.9% nas famílias sem filhos. Se existirem três ou mais filhos e dois adultos ou um adulto e pelo menos uma criança o risco de pobreza sobe para uns dramáticos 41.4% e 33.1%. Percebe-se bem uma das razões da baixa natalidade.
Apesar de menor desemprego o risco de pobreza entre a população desempregada subiu de 2015 para 2016 2.8%.
É ainda de registar que se apenas fossem considerados os rendimentos de trabalho, de capital ou transferências privadas (não se considerando, portanto, apoios sociais públicos) o risco de pobreza em 2016 atingiria 45,2% da população.
Dá para perceber que o Programa de Empobrecimento a Tempo Inteiro através das chamadas Actividades de Empobrecimento Familiar ao abrigo de um desígnio de fundamentalismo austeritário deixou profundas marcas.
Mesmo os responsáveis internacionais e mentores desse fundamentalismo, o FMI por exemplo, têm reconhecido o impacto brutal dessas políticas na vida de tanta gente e irresponsavelmente acusada de viver acima das suas possibilidades passou a viver abaixo das suas necessidades.
Na verdade, parece cada vez mais claro que a ideia do TINA “- There Is No Alternative era uma mentira mil vezes repetida para se tornar verdade.
As políticas duras de austeridade que esqueceram pessoas, famílias e pequenas empresas, promoveram desigualdade, pobreza e exclusão foram uma escolha política, não eram um caminho único.
Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, afirmou na Gulbenkian isso mesmo, o resultado destas opções por políticas de austeridade foram a desigualdade e a pobreza.
Afinal … havia outra.
Havia e há outra política possível. Talvez ainda estejamos a tempo. Não se esqueçam que quase um em cada cinco portugueses vive em risco de pobreza.
Pronto, preparemo-nos para o espírito natalício.

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