Como diz Camões “todo o mundo é composto de mudança, tomando
sempre novas qualidades”.
Na Visão está um trabalho
interessante sobre uma situação que começa a verificar-se com mais frequência,
a existência de creches e jardins-de-infância a funcionar 24 horas por dia,
durante 7 dias por semana.
Por razões diversas mais famílias
sentem esta necessidade. Segundo o trabalho da Visão na zona da Grande Lisboa existirão
mais de mil crianças envolvidas em rotinas menos habituais na frequência de
instituições desta natureza mas o número de vagas disponíveis para este tipo de
resposta será três vezes superior. Ao que parece a oferta será inferior à
procura e muitas crianças ficam também aos fins-de semana, férias ou no Natal.
É mais um sinal dos tempos.
Vivemos tempos de mudança
acentuada nos estilos de vida, de alteração de valores e prioridades, de menor regulação
do trabalho, chamam-lhe “flexibilização”, de competição e “produtividade”, de
comunidades sempre em movimento, em “trânsito”, sem parança e com rotinas em
mutação.
Muitas famílias, muitas vezes sem
capacidade de escolha ou também por opção, são envolvidas nesta engrenagem e,
naturalmente, procuram soluções que minimizem as consequências. O mercado, evidentemente,
procura responder a novas necessidades.
Também sobre as crianças e o seu dia-a-dia
estes tempos produzem efeitos que em muitas circunstâncias não são
particularmente amigáveis.
Acredito no esforço e competência
das instituições e dos profissionais no sentido de proporcionar a melhor
qualidade possível na vida das crianças que a esta resposta recorrem. Sei
também que as crianças têm de uma forma geral uma resiliência e capacidade de
adaptação extraordinárias embora seja necessário estarmos permanentemente
atentos ao seu funcionamento.
No entanto, também sabemos que
rotinas, família (no sentido dos laços de afecto e vinculação), estabilidade, segurança,
são necessidades básicas e imprescindíveis para o desenvolvimento das crianças.
Apesar de não esquecer que mesmo nas circunstâncias mais habituais também algumas
famílias ou práticas institucionais podem ser tóxicas ou negligentes.
No entanto e por isto tudo … vale
a pena pensar nos caminhos que queremos ou podemos percorrer.
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