Um estudo, há sempre um estudo, referido hoje no Público vem sustentar que a hormona do stress, o cortisol, tanto pode funcionar a favor de um estudante numa situação de exame de matemática como ser um obstáculo ao bom desempenho. O efeito depende do estado de espírito dos estudantes. Parece relativamente claro que um estudante que se sinta preparado e confiante no trabalho que desenvolveu, lidará com maior serenidade com o stress decorrente da situação de exame. Nada de novo, creio.
No entanto, este trabalho leva-me ao que tenho designado por uma dimensão psicológica da crise, a confiança, ou, mais claramente, a falta de confiança. A importância da percepção de confiança constata-se em termos individuais, quando nos sentimos confiantes, sentimo-nos e somos mais capazes, constata-se em termos de grupo, a título de exemplo, uma equipa de futebol confiante será seguramente mais eficaz, constata-se de forma genérica em qualquer instituição e, finalmente, poderemos também dizer que sociedades mais confiantes sentir-se-ão mais capazes de enfrentar dificuldades.
Assim sendo, parece importante que as lideranças, entre todas as suas competências e acções, sejam capazes e competentes no sentido de transmitir confiança.
Acontece que as nossas lideranças, sobretudo as que detêm responsabilidades politicas relevantes, subordinam, quase sempre, as suas acções e posições aos interesses imediatos, sobretudo partidários, ou seja, basicamente, quem governa faz discursos tendencialmente optimistas, pouco transparente e contraditórios, que muitas vezes parecem negar a realidade, pintando-a de rosa e quem está na oposição produz fundamentalmente discursos e visões catastrofistas. Como é óbvio, os cidadãos têm cabeça, qualquer dos discursos são um péssimo contributo à confiança realista e informada que precisamos de sentir face a dificuldades e a desafios complexos.
Nos últimos tempos, em que se têm acentuado as consequências dramáticas da crise a nível do emprego, da diminuição dos apoios sociais, dos sacrifícios pedidos por exemplo, seria ainda mais necessário um discurso que contribuísse para identificar um rumo e promovesse e envolvesse os cidadãos na convicção e confiança de que seremos certamente capazes de ultrapassar, ainda que com momentos dolorosos, os tempos que vivemos.
O problema é que muita desta gente, dos seus discursos e comportamentos são parte do problema, dificilmente serão parte da solução.
A cada dia, apesar do Agosto ser um mês de "descanso" me parece mais importante a questão da confiança para enfrentar o "cortisol", a hormona do stress, que está com uma produção absolutamente em alta.
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