quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A DESATENÇÃO NEGLIGENTE

Após mais um acidente com feridos jovens, a queda da arriba na praia em Peniche, o Provedor de Justiça vem sugerir que os pais responsáveis pelo negligente cumprimento de instruções de protecção, possam ser denunciados à Segurança Social ou às Comissões de Protecção de Menores.
Não imagino qual o acolhimento que tal sugestão do Provedor possa merecer, quer por parte das autoridades, quer, também, por parte dos cidadãos, mas parece-me importante o alerta para a negligência.
Somos de há muito um dos países europeus com mais alta taxa de acidentes domésticos envolvendo crianças. São conhecidos, por exemplo, os números altíssimos de quedas e afogamentos que todos os anos se verificam.
Curiosamente, nunca como se agora se produziram discursos em torno da preocupação com as crianças e com o seu bem-estar.
No entanto, sendo verdade que, se por um lado, protegemos as crianças de forma que, do meu ponto de vista, me parece excessiva face às suas necessidades de autonomia e desenvolvimento, por outro lado, continuamos a adoptar atitudes e comportamentos altamente negligentes e facilitadores de acidentes que, frequentemente, têm consequências trágicas. Parece-me também de recordar que a negligência não está só por detrás dos acidentes com resultados pesados e mediáticos. Esconde-se, também, por exemplo, no abandono dos miúdos, entregues a ecrãs, ou numa alimentação descuidada provocadora de problemas de saúde a prazo. Também encontramos negligência em algumas famílias na regulação e orientação dos comportamentos dos miúdos, deixando que eles cresçam sem regras e limites como se comprova com a forma como alguns miúdos se transformam em ditadores familiares pretendendo, naturalmente, estender o seu "reinado" a outros contextos, como a escola.
Não pretendo com estas notas tecer qualquer tipo de discurso fundamentalista ou negativo. Apenas me parece que é imprescindível estar atento aos miúdos, ao seu bem-estar, minimizando riscos e prevenindo a posterior lamentação inútil.

3 comentários:

anónimo paz disse...

Será que o sr. Provedor de Justiça nunca foi jovem? Será que acatava todos os conselhos que seus pais lhe davam para que cumprisse todas as instruções de protecção? Se sim, nunca foi jovem.

Então para quê responsabilizar os pais de negligência?!
A juventude é irreverente por natureza, faz parte do crescimento. Depois desaparece.
Estou a referir-me ao caso concreto do desabamento das arribas de Peniche, não ás quedas e afogamentos.
Queda e afogamento regista-se principalmente em crianças onde realmente existe incúria dos responsáveis pelas mesmas.
Lembro-me vagamente de um governante que alvitrou penalizações pecuniárias que incidiam no abono de família quando os jovens tinham comportamentos desviantes do que é correcto.
No caso dos jovens infractores há que responsabilizar os próprios, nunca os pais: por exemplo com trabalho comunitário.

No caso das crianças, sim, denuncia ás comissões de protecção de menores, pois a negligência existe.

MAS NUNCA REDUZIR ABONOS DE FAMÍLIA COMO CASTIGO.

E a alusão que o sr. provedor faz à Segurança Social, cheira-me a isso.


saudações

Zé Morgado disse...

Para quê responsabilizar por negligência??!!!!
Porque a negligência faz mal aos miúdos. Só mesmo por negligência não se entende isto, não há negligência boa e negligência má, existem consequências mais ou menos graves.

anónimo paz disse...

Presumi (sou um presumido) que tinha conseguido passar a mensagem ao escrever: "No caso dos jovens infractores há que responsabilizar os próprios, nunca, os pais; por exemplo com trabalho comunitário.

"No caso das crianças, sim, denuncia ás Comissões de Protecção de menores, pois negligência existe"

Eu sei que existe negligência nos dois casos mas no primeiro serão os próprios a responderem pelos seus actos e no segundo, então , quem vigia as crianças.

Vou passar a ser mais atento e se possível claro, ao que escrevo.

saudações