Era uma vez um gato. Como todos os gatos era muito independente e este gostava ainda mais que os outros de se sentir independente. Pensava para consigo que não queria precisar de ninguém e não queria que ninguém precisasse dele. Assim, quando conhecia alguém de novo, gato ou pessoa, tentava não se aproximar muito para não correr o risco de ficar a gostar, ele dizia precisar. Também se esforçava, achava ele, para que quem de novo aparecesse não ficasse a gostar dele, precisar como ele pensava.
Um dia, daqueles dias frios e com chuva, o gato olhou para dentro de si e viu uma solidão muito grande, maior que ele, e de fora ninguém se aproximava para tentar entrar. Sentiu-se o gato mais infeliz do mundo.
Há muitas pessoas assim, com medo de gostar dos outros e com medo de deixar os outros gostar de si. Fazem da sua vida uma espécie de jogo infantil do “toca e foge”.
Um dia deixam de tocar e já não precisam de fugir. Ninguém vem atrás.
2 comentários:
"Eu quis amar mas tive medo,
E quis salvar meu coração
Mas o amor sabe um segredo,
O medo pode matar o seu coração"
Água de Beber, música Tom Jobim & letra Vinícius de Moraes
Abraço
António Caroço
Olá António, boa escolha
Enviar um comentário