Ontem referi a natureza positiva da medida de flexibilizar a legislação, por vezes excessiva e desajustada em alguns aspectos, no sentido de poder aumentar a capacidade de resposta ao nível da creche, um dos grandes problemas de muitas famílias, quer pela insuficiência de equipamentos, quer pelos custos que implicam. Sublinhei a importância de que esta flexibilização não poderia, em caso algum, hipotecar a qualidade da resposta educativa numa idade absolutamente essencial na vida dos miúdos.
Hoje coloca-se o recurso ao voluntariado para corresponder ao aumento de crianças nas instituições.
Tenho o maior dos apreços pelo voluntariado, mas esta ideia preocupa-me. Para cuidar bem de crianças, não estou a referi-me a tomar conta de crianças, é exigida formação e preparação. A resposta educativa em termos institucionais não pode ficar entregue ao "tem jeito" e "gosta muito de crianças".
Não é de esperar que apareçam profissionais a inscreverem-se nestes programas de voluntariado e, nos tempos que correm, não vejo como as instituições possam garantir a formação dos "voluntaristas" que se apresentem para cuidar dos miúdos.
Acho que estamos em presença de uma habilidade política procurando o milagre de fazer omeletas sem ovos.
Independentemente dos voluntários e dos voluntaristas acho arriscado este passo. Ou existem pessoas com preparação profissional que, em regime de voluntariado, prestam algum trabalho social, ou entregar as crianças nas mãos de voluntaristas parece-me algo de pouco avisado.
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