Nas situações em que se torna necessário proceder a redução de despesas coloca-se obviamente a questão dos critérios ou prioridades a seguir nesse esforço de redução. Não se trata de uma situação fácil, mas na verdade a qualidade das lideranças e das suas decisões aferem-se melhor em contextos de maior dificuldade.
Serve esta introdução para referir o facto de que em virtude dos limites orçamentais o Instituto da Droga e da Toxicodependência irá prescindir dos serviços de algumas centenas de técnicos, psicólogos e assistentes sociais, que integravam as unidades de tratamento de proximidade com resultados conhecidos. O IDT irá ainda proceder ao encerramento de unidades de atendimento ao nível concelhio em vários locais do país.
O presidente do IDT embora reconhecendo o impacto negativo procura desvalorizar a situação. Por outro lado, sem o peso da hierarquia a condicionar opiniões, os especialistas referem as consequências negativas de tal decisão que, aliás, começou a ser conhecida há já uns meses.
Existem áreas de problemas que afectam as comunidades em que os custos da intervenção são claramente sustentados pelas consequências da não intervenção, ou seja, não intervir ou intervir mal é sempre bastante mais caro que a intervenção correcta em tempo oportuno. A toxicodependência é uma dessas áreas. Um quadro de toxicodependência não tratado desenvolve-se habitualmente, embora possam verificar-se excepções, numa espiral de consumo que exige cada vez mais meios e promove mais dependência. Este trajecto potencia comportamentos de delinquência, alimenta o tráfico, reflecte-se nas estruturas familiares e de vizinhança, inibe desempenho profissional, promove exclusão e “guetização”. Este cenário implica por sua vez custos sociais altíssimos, persistentes e difíceis de contabilizar.
Como, costumo dizer em muitas ocasiões, se cuidar é caro façam as contas aos resultados do descuidar. Assim sendo, dificilmente se entendem algumas opções.
Sem comentários:
Enviar um comentário