domingo, 6 de março de 2011

NÃO FUI EU, FOSTE TU. NÃO, FOSTE TU, NÃO FUI EU

A recente discussão ente o PSD e o Governo (PS), em torno da responsabilidade sobre o pagamento das chamadas SCUTs é apenas mais um exemplo do nível muito rasteiro da política portuguesa, envolvendo particularmente os partidos que alternadamente ocupam o poder.
A irresponsabilidade demagógica e populista da auto-estradização do país com boa parte dessas vias a não terem custos para os utilizadores teria, cedo ou tarde, de se reflectir em custos que, naturalmente, não sendo dos utilizadores, cairiam em cima de todos nós. A agudização da crise levou a que a cobrança se iniciasse mais cedo do que provavelmente o governo, de qualquer partido, quereria. Surgiram entretanto os protestos, normais, de quem passa a pagar um serviço até aí gratuito, afirmando sempre que não deveria ser pago por ausência de alternativa o que, aliás, nem sempre parece ser verdadeiro. Curiosamente, raramente oiço referências à exigência desde sempre verificada de pagamento de portagens nas duas pontes sobre o Tejo, sem que exista aqui sem qualquer alternativa de atravessamento do rio.
Claro que os protestos assustam sempre quem está no poder e oferecem uma boa onda para quem está na oposição.
No caso das SCUTs, PS e PSD entenderam-se num acordo extremamente complexo entre descontos, isenções, injustiças e desvarios que não parecem servir a ninguém. A atribuição recíproca de responsabilidades é um exemplo da política do Portugal dos pequeninos. Ambos os partidos sabem que este serviço tem de ser pago, é insustentável que o não seja, aliás o PSD já veio dizer que se for governo mantém o pagamento de portagens.
Continuo convencido que apesar de tudo e de uma forma geral, nós cidadãos preferíamos lideranças com sentido de responsabilidade, capazes de assumir decisões, fáceis ou difíceis e, sobretudo, que transmitam a confiança num rumo e numa visão do país que ultrapasse a decisão imediata com critérios de táctica e oportunidade políticas visando o acesso ou a manutenção do poder.

Sem comentários: