O Público de hoje divulga os resultados da operação Censos Sénior desencadeada pela GNR que permitiu identificar cerca de 12 000 idosos que vivem sós e isolados e, portanto, em condições de extrema vulnerabilidade. Esta situação tem estado na agenda pelos piores motivos, sucessivos casos de idosos encontrados mortos em casa sem que se desse conta da situação. A iniciativa da GNR permite identificar as situações, georeferenciá-las possibilitando de forma expedita a sua localização em caso de problema ou urgência e, simultaneamente, providenciar um contacto telefónico cuja importância é óbvia.
Este é um tipo de iniciativa que merece aplauso e mais ampla divulgação.
Por outro lado e ainda pensando nas populações mais vulneráveis, creio que se justifica uma nota sobre a preocupação expressa pela Associação Portuguesa de Deficientes sobre a oportunidade perdida de, através da operação censitária em curso Censos 2011, conhecer o universo real das pessoas com deficiência. De facto, as questões colocadas nos inquéritos sobre as condições funcionais das pessoas não permitem discriminar se eventuais limitações referidas decorrem de envelhecimento, por exemplo, ou da condição de deficiência. Podemos, é o habitual, utilizar os indicadores de prevalência internacionais mas, na verdade, perde-se uma excelente oportunidade para melhor conhecermos a realidade do país no que respeita a uma franja significativa da sua população.
Como sempre afirmo, o nível e a qualidade do desenvolvimento de uma comunidade também se avaliam pela forma como essa comunidade se preocupa e cuida das franjas mais vulneráveis. Não adianta referir as dificuldades causadas pela crise, essas dificuldades têm ainda o efeito perverso de potenciar os problemas dos mais desprotegidos, ampliando, por isso, as suas necessidades.
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