É verdade, de trapalhada em trapalhada a qualidade ética do quotidiano cívico e político continua a afunda-se numa espiral que parece não ter fim.
A mais recente é a que envolve as decisões contraditórias e estranhas que determinaram pagamentos à mulher do Ministro da Justiça, sendo que pagamentos a efectuar pelas mesmas razões e nas mesmas condições a outros colegas da juíza foram indeferidos.
Devo confessar que me interessam pouco as minudências e habilidades legais que justificarão as decisões e até os montantes envolvidos. A minha questão central é a qualidade ética da vida cívica em Portugal, em particular o comportamento da administração pública.
A degradação de comportamentos e valores tem consequências devastadoras e tão pesadas, pelo menos, como as circunstâncias de crise económica que atravessamos. Os maus-tratos e negligência que sofrem os princípios éticos mais substantivos provocam um empobrecimento e degradação do ambiente e da qualidade de vida cívica das quais cada vez parece mais difícil recuperar.
As lideranças, hipotecando a sua condição de promotores de mudanças positivas são fortemente responsáveis pelo peso e impacto que esta degradação ética está a assumir.
Vai sendo cada vez mais o tempo de incluir a exigência e a responsabilidade pela qualidade ética dos comportamentos nas agendas das reivindicações.
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