Em pleno Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social sabemos de notícias que vêm ao encontro da percepção diária. Segundo o Eurostat, Portugal continua a ser o 9º país mais pobre da UE com um PIB per capita 78% abaixo da média. Dados hoje divulgados do Eurobarómetro sobre os impactos sociais da crise, mostram que os portugueses têm como preocupação fundamental dos tempos que correm a pobreza, 91% dos inquiridos, e a velhice, 69% dos inquiridos.
Se olharmos para este conjunto de dados vemos que as condições estruturais se mantêm sem alterações, estamos na mesma posição de pobreza há vários anos e, por outro lado, as condições conjunturais, a crise, acentuam a preocupação com a pobreza e com a velhice o que define um cenário altamente inquietante em termos de confiança no futuro e na desejada e necessária qualidade de vida.
Ao mesmo tempo, de há uns tempos para cá, fundamentados na imprescindível necessidade conter gastos e despesas, somos informados de cortes em dispositivos de apoio social, justamente os que poderiam contribuir para uma percepção menos negativa dos impactos sociais da crise. Já em diversas ocasiões tenho referido que sendo necessário conter a despesa pública, as políticas sociais, ainda que mais reguladas e com critérios de rigor, deveriam ser as menos penalizadas.
No entanto, continuamos a sentir que por incompetência, insensibilidade ou a vontade de manter um aparelho subserviente e garante de apoios na luta política se mantêm gastos em institutos, fundações e entidades de mais que duvidosa justificação e eficácia e se avança em medidas de corte nos apoios sociais.
Estamos a minar o futuro retirando a esperança e a confiança.
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