Era uma vez um homem chamado Alucinado. Na verdade, ninguém sabia como ele se chamava, mas chamavam-lhe Alucinado e assim era conhecido.
O homem, o Alucinado, via ou ouvia, quase sempre, aquilo que mais ninguém via. Quando as pessoas falavam das coisas da sua vida, o Alucinado, descrevia as mesmas coisas mas de uma forma completamente diferente, dizia que se deixavam enganar, que as coisas não eram como eles as viam. Quando as pessoas falavam dos seus desejos e anseios afirmava que estavam manipuladas para assim pensar porque aquilo que desejavam não lhes traria felicidade.
Quando ouvia muitas pessoas a falar de como tudo estava bem, gritava que se estavam a enganar e a enganar os outros porque não estava tudo bem, antes pelo contrário, muitas coisas estavam mal.
O Alucinado olhava para o que estava à sua volta e não via o mesmo que os outros, não percebia como se poderia entender a realidade assim e gritava exasperado, chamando a atenção para a sua forma de ver a realidade. Claro que as pessoas não ligavam ao que o Alucinado dizia pelas ruas, preferiam acreditar naquilo que viam e ouviam, sentiam-se mais tranquilas.
Só um velho que falava sozinho e passava o dia a escrever versos, achava que o Alucinado era o homem mais lúcido daquela terra.
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