Os resultados de um estudo divulgado no DN sobre os níveis de confiança dos portugueses em diferentes classes profissionais mostram que, face aos dados anteriores, não se verificam alterações significativas exceptuando a forte queda da confiança nos juízes. De resto, bombeiros, professores e carteiros são os profissionais em quem os portugueses mais parecem confiar, enquanto políticos, advogados e banqueiros acompanhados agora pelos juízes vêem a confiança em si andar pelas ruas da amargura.
É bonito sentir que os portugueses confiam genericamente em quem cuida do seu bem estar e ajuda em caso de necessidade, os bombeiros, em quem lhes constrói o futuro, os professores, cuidando do seu mais precioso bem, os filhos, e em quem lhes trás as notícias do mundo, os carteiros, provavelmente, com a secreta esperança de que sejam notícias boas.
Por outro lado, é significativo, inquietantemente significativo, que, nos que geram o nosso destino, ainda por cima por delegação cívica de nossa responsabilidade, os políticos e nos que deveriam ser os administradores e garantes dos direitos, da equidade e da justiça, advogados e juízes, a confiança é baixa, ou de forma menos simpática, a desconfiança é muita. É certo que estes grupos têm vindo a fazer um notável esforço para que a nossa confiança em si e na sua actuação atinja estes níveis. Deve dizer-se que são bem sucedidos, todos os dias temos exemplos e episódios que alimentam este sentimento.
A minha maior preocupação é que a arquitectura cívica e política que se instalou, não permite facilmente a tão necessária mudança, eles continuam sempre a perceber-se como parte da solução, quando são parte do problema.
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