segunda-feira, 21 de junho de 2010

(DES)CONFIANÇA

Os resultados de um estudo divulgado no DN sobre os níveis de confiança dos portugueses em diferentes classes profissionais mostram que, face aos dados anteriores, não se verificam alterações significativas exceptuando a forte queda da confiança nos juízes. De resto, bombeiros, professores e carteiros são os profissionais em quem os portugueses mais parecem confiar, enquanto políticos, advogados e banqueiros acompanhados agora pelos juízes vêem a confiança em si andar pelas ruas da amargura.
É bonito sentir que os portugueses confiam genericamente em quem cuida do seu bem estar e ajuda em caso de necessidade, os bombeiros, em quem lhes constrói o futuro, os professores, cuidando do seu mais precioso bem, os filhos, e em quem lhes trás as notícias do mundo, os carteiros, provavelmente, com a secreta esperança de que sejam notícias boas.
Por outro lado, é significativo, inquietantemente significativo, que, nos que geram o nosso destino, ainda por cima por delegação cívica de nossa responsabilidade, os políticos e nos que deveriam ser os administradores e garantes dos direitos, da equidade e da justiça, advogados e juízes, a confiança é baixa, ou de forma menos simpática, a desconfiança é muita. É certo que estes grupos têm vindo a fazer um notável esforço para que a nossa confiança em si e na sua actuação atinja estes níveis. Deve dizer-se que são bem sucedidos, todos os dias temos exemplos e episódios que alimentam este sentimento.
A minha maior preocupação é que a arquitectura cívica e política que se instalou, não permite facilmente a tão necessária mudança, eles continuam sempre a perceber-se como parte da solução, quando são parte do problema.

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