Várias vezes aqui tenho referido os danos devastadores que causam à saúde da nossa vida cívica e política os comportamentos de muitos representantes da nossa classe política. Nem todos esses comportamentos podem ser considerados ilegais mas muitos são certamente imorais e verdadeiros atentados à ética.
Acontece que, mesmo quando os comportamentos configuram ilicitude, as condenações são raras e um manto de suave esbatimento desce sobre os envolvidos que, frequentemente, são premiados com novas colocações de que a partidocracia se alimenta e alimenta.
No plano ético o despudor está de tal modo instalado que muita gente assume com a maior desfaçatez discursos e comportamentos que verdadeiramente nos insultam, aparecendo depois com desculpas absolutamente patéticas, escudados em armadilhas legais, quando não com extrema arrogância defendendo a impossível bondade dos seus actos. Este recente episódio com o deputado Ricardo Rodrigues e a revelação hoje no CM dos vencimentos que um obscuro e pouco qualificado rapaz chamado Rui Pedro Soares obteve como administrador da PT são apenas dois de muitos exemplo.
No entanto, a maior e mais grave consequência deste despudor é a convicção que todos temos de que não acontece nada, ou seja, existe um grupo de inimputáveis a quem, façam o que fizerem, nada acontecerá.
Nada de menos saudável para a confiança em quem nos gere.
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