Naquela família era a figura mais importante, desde há muitos anos. Talvez fosse do hábito ou da idade mas todas as pessoas da casa a respeitavam e tratavam de forma simpática.
Sempre que falava e fazia-o o tempo todo, as pessoas guardavam um silêncio respeitoso e ficavam muito tempo a admirar aquela figura.
Davam-lhe uma importância enorme. Acreditavam em tudo o que a figura afirmava e sabiam o que aprendiam com ela que, aliás, ensinava imensas coisas e sobre as mais variadas matérias.
Os mais pequenos da família eram completamente absorvidos pela figura, adoravam-na, ficavam horas a ouvi-la, às vezes até adormeciam.
Os mais velhos também não dispensavam porque aquela figura era tão preocupada que tinha algumas conversas mais adequadas à sua idade.
Enfim, quase se podia dizer que a vida da família se organizava em torno daquela figura.
Digo quase, por que uma das pessoas da casa, o Miguel, rapaz de uns quinze anos, não podia com aquela figura. Precisava de alguma atenção e ninguém parecia disponível para conversar com ele. Assim, fechava-se no quarto e só lhe dava vontade de se ver livre daquela figura, de dar cabo dela, da televisão.
Sem comentários:
Enviar um comentário