Na tomada de posse do novo Reitor da Universidade do Porto, o Ministro Mariano Gago recordou a imperiosa necessidade de promover a qualificação de nível superior dos portugueses. Sabemos que temos metade da média europeia de licenciados. Não parece pois estranho, antes pelo contrário, que se aposte fortemente neste processo de qualificação, repito, qualificação.
Dito isto, lamento mas devo ser dos poucos cidadãos portugueses que não consegue entender como é que o estabelecimento de um contrato de confiança, na altura da assinatura questionei-me se não seria um contrato de desconfiança, vai promover em quatro anos 100 000 novos licenciados para podermos apanhar o comboio estatístico europeu. O Ministro Mariano Gago aconselha aulas ao fim de semana, à noite, em regime não presencial e outros dispositivos de que as universidades se lembrem para chegar aos 100 000.
Tenho a maior das desconfianças sobre este processo e lembro-me repetidamente do que se passa com o Programa Novas Oportunidades que, insisto, assentando num bom princípio e objectivos, rapidamente derrapou para uma cruzada estatística confundindo inaceitavelmente qualificação com certificação.
Temo que no ensino superior também se enverede por este rumo, estatística “oblige”. Imagino que se possam certificar 100 000 pessoas em quatro anos com o grau de 1º ciclo, licenciatura, ou mesmo 2º ciclo, mestrado, mas duvido que se qualifiquem, de facto, essas pessoas.
Este discurso não tem a ver com qualquer espécie de elitismo relativo ao acesso ao ensino superior. Remete exclusivamente com a imperiosa necessidade de pessoas qualificadas e não de pessoas com um papel debaixo do braço onde conste uma certificação de uma habilitação e competência que, em muitos casos, ficarão longe de possuir.
Se assim for, é grave.