No I leio que “A
escola do futuro tem vindo a ser desenhada a partir de Portugal, através do
desenvolvimento de uma tecnologia avançada que, em breve, vai permitir aumentar
a eficiência das infraestruturas escolares, mas também a própria performance
quotidiana de professores e alunos.”.
Uma parceria entre a Enercoutim e Resilient Energy está a
criar “uma poderosa ferramenta de
armazenamento e análise de dados, a partir dos quais será possível definir todo
o funcionamento das escolas, incluindo as opções educacionais mais adequadas
para os alunos”.
Mais um anúncio relativo à escola do futuro, esta com a vantagem de ser uma "Smart School". Já vou perdendo
a conta às referências que anunciam tanta inovação, tanta mudança de paradigma,
tantas salas de aula do futuro, tantas escolas do futuro e cada vez mais em modo "high tech".
Será o futuro capaz de acomodar tanta mudança?
Será certamente conversa de velho e corro o risco de ser
injusto. Tratar-se-á de mais um excelente "projecto", mas já me cansa tanta escola do futuro anunciada. O que me inquieta
ainda é que o fascínio deslumbrado pelas “escolas do futuro” possa fazer esquecer as
escolas do presente, o futuro é agora.
Não existem poções mágicas em educação por mais desejável
que possa parecer a sua existência.
Também sei, tantas vezes escrevo e afirmo, que são
necessárias mudanças que acompanhem o tempo. As mudanças reflectem-se em
dimensões como currículo e organização, autonomia, organização e recursos das
escolas, valorização dos professores, etc.
Por outro lado, não simpatizo com a recorrente referência à
inovação, ao “novo”. O desenvolvimento das comunidades exige ajustamentos
regulares no que fazemos em matéria de educação e em todos os patamares do
sistema. Umas vezes melhor, outras vezes com mais sobressaltos temos feito um
caminho importante e muito mais ainda vamos ter que fazer, mas os ajustamentos
que decorrem da regulação e avaliação não têm que ir atrás da “mágica” ideia da
inovação.
Tal como as crianças que só aprendem a partir do que já sabem,
nós também só mudamos a partir do fazemos e do que sabemos. Este processo assenta
num processo que deve ser robusto e apoiado de auto-regulação e regulação que
envolve actores e estruturas, ou seja, o aluno, o professor, a escola, o ME, o
sistema educativo. Dito de outra maneira, a escola do futuro, seja lá isso o que for, constrói-se valorizando e cuidando da escola do presente, como disse acima, o futuro é agora,
Mais uma vez desculpem o risco de ser injusto mas já sinto cansaço
face à narrativa da "inovação".
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