Em tempo de Natal, um tempo de
família, a imprensa divulga hoje um enorme e surpreendente gesto de
solidariedade e amor familiar que a amada esposa de um cidadão de sua graça
Licínio Pina teve para com o seu cônjuge.
O Dr. Licínio no exercício da sua transcendente
esgotante tarefa de presidir ao Crédito Agrícola sentia-se só, fragilizado,
emocionalmente vulnerável.
Achou então por bem ter o apoio
emocional da amada esposa, não só no aconchego do ninho familiar, mas também no
desempenho das suas tarefas profissionais.
No entanto, as coisas devem ser bem-feitas
e de forma justa. Dado que a esposa dedicada e disponível era professora não
seria aceitável que abdicasse da sua carreira profissional para “estabilizar emocionalmente” o frágil esposo.
Foi então a esposa contratada
pela instituição presidida pelo necessitado esposo, o Dr. Licínio, ao que é divulgado, pela irrelevante quantia de 2000 euros
líquidos mensais. Sublinho desde já o amor, a humildade, a entrega e probidade contidos
neste sacrifício. Como sabem qualquer professor ganha muito acima dos 2000 euros
líquidos para além dos três meses de férias, perguntem ao Dr. Miguel Sousa Tavares
se não é verdade. Assim, a esposa sacrificada não só perde salário e a
possibilidade de subir rapidamente até ao topo da carreira como ainda vê,
certamente, reduzido o seu tempo de férias. Lindo e sem palavras para tal prova
de amor.
Confesso que esta linda história
me deixou mesmo emocionado, até quase, quase, com uma lágrima no olho, como o
menino dos quadros das feiras.
No entanto e com grande
estranheza minha a situação parece ter sido mal recebida a ver pela generalidade
das notícias e comentários.
Desculpem, mas não consigo
entender. Tanto discurso sobre a alteração no quadro de valores e na
importância da vida familiar, tantas situações de maus-tratos nas relações
familiares, tanta exclusão e discriminação profissional das mulheres e agora numa
cena bonita e que corria bem cai o Carmo e a Trindade, não entendo. Força Dr.
Licínio, força esposa amada e sacrificada.
PS - Como diria Sá de Miranda,
"M'espanto às vezes, outras m'avergonho".
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