segunda-feira, 1 de julho de 2019

RETENÇÃO E AVALIAÇÃO ESCOLAR

A Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência divulgou os dados relativos ao desempenho escolar de 2017/2018. Os níveis de retenção continuam a baixar face a anos anteriores mas mantêm-se elevados em alguns anos de escolaridade.
No 1.º ciclo registou-se uma retenção de 2.8%, no 2.º ciclo temos 5,3%, no 3.º verifica-se 7,8% e no ensino secundário 13,9%.
Por anos de escolaridade, à excepção do 1º ciclo e do secundário, verifica-se o padrão habitual, a retenção é mais elevada nos anos iniciais, 5º e 7º. No 1º ciclo, o 2º ano continua com um nível muito elevado, 6.6% e no secundário é o 12º que que regista uma taxa de retenção de 24.5%.
Para além das habituais afirmações de paternidade relativamente à responsabilidade pela subida importa importa considerar que neste âmbito a única ilação possível é que o trabalho de alunos e professores foi melhor sucedido.
É ainda de realçar que apesar de ter melhorado, o 2º ano ainda apresenta uma taxa elevada. 6.6%, estamos a falar do “lançamento” de trajectos escolares bem-sucedidos.
Esta situação merece reflexão e intervenção mais particulares. 
Estou a olhar para o copo meio cheio assinalando a subida. No entanto, importa não esquecer que globalmente as taxas de retenção anda são elevadas, que a retenção só por existir não melhora resultados e que a retenção continua a evidenciar uma marca de “classe”, atinge mais os alunos com textos familiares menos favorecidos. A tradição ainda é o que era.
Os dados mostram, pois, que o caminho está a ser feito mas que muito ainda está por fazer. Assim, as políticas educativas caminhem no sentido desejado, apoios atempados e competentes a dificuldades de alunos e docentes, recursos adequados, diferenciação de práticas e formas de organização e funcionamento sustentadas na autonomia de escolas e dos professores, desburocratização, etc.
Em matéria de avaliação escolar talvez seja de recordar algumas ideias "velhas" pois já me parece em incubação mais uma onda de inovação, provavelmente com, claro, anunciadas mudanças de paradigma. O lançamento das chamadas provas de aferição no modelo e anos propostos e alguns indícios de que a imprensa tem feito eco assim parecem sugerir.
Em primeiro lugar, avaliar é bem mais que medir. A avaliação deve ser, tanto quanto possível um processo desburocratizado e não “encharcado” em grelhas. As diferentes funções cometidas à avaliação, certificação de conhecimentos e competências, regulação de processos de ensino e aprendizagem, ordenação no desempenho, só para enunciar algumas, requerem diferenciação nos dispositivos, aqui sim, a diferenciação é imprescindível sustenta na diversidade dos alunos e contextos.
Finalmente, é imprescindível a existência de dispositivos claros e robustos de avaliação externa que as chamadas provas de aferição no 2º, no 5º e no 8º não me parecem cumprir como aqui já tenho abordado.

Sem comentários: