O Paulo Guinote tem no Público de
ontem um texto sobre o que tem sido o trajecto da chamada formação contínua de
professores que me parece merecer reflexão para a qual contribuo com algumas
notas.
Devo afirmar que desde
há muitos anos colaboro em inúmeras iniciativas no âmbito da formação de
professores em diferentes formatos e duração pelo que me sinto envolvido
directamente nesta questão.
Antes de entrar na formação em
serviço parece necessário não esquecer que apesar do processo de acreditação e
avaliação da responsabilidade da A3ES os programas de formação inicial e pós-graduada
de docentes nos institutos politécnicos e universidades me parecem ser bastante
assimétricos na sua qualidade o que naturalmente reforça a importância da
formação contínua.
No entanto, boa parte do que tem
sido feito, apesar do excelente trabalho de alguns centros de formação, escolas
e mesmo municípios, parece ser de natureza avulsa, dependente dos
financiamentos e, sobretudo, associada ao “modismo”, ao que parece estar na
moda seja ao nível da “inovação” seja no âmbito de uma “mudança de paradigma”.
Por outro lado, a forma como tem vindo a ser considerado, ou não, o impacto da
valorização profissional na carreira dos docentes também contribui para algum
trajecto errático neste contexto.
Actualmente, parece viver-se mais
um ciclo de formação desencadeado pela tutela em consequência das mudanças legislativas
designadamente no que se refere ao currículo e flexibilidade curricular e do
novo regime da educação inclusiva assentes, mais uma vez na “inovação”, numa “nova
escola” na “mudança de paradigma e, obviamente, no que isto exige de novas
práticas e, porque não, novos professores. Bom, mas aqui não há volta a dar,
são os que temos e, portanto, toca a formar.
Acresce ainda que no que conheço
melhor, o universo da chamada educação inclusiva, e como já repetidamente
afirmei, temos o hábito de encharcar a legislação em doutrina quando deveria
centrar-se basicamente em princípios, procedimentos, recursos e regulação. Assim,
prolifera a oferta de pacotes de formação sobre o desenho universal da aprendizagem,
a abordagem multinível e outros modelos que, não passam disso mesmo, modelos
pelo que não deveriam estar na legislação. Parece claro que a dispersão e quantidade da oferta não é garante da sua qualidade.
A teoria, os conceitos, as metodologias e didácticas fazem parte da formação inicial e entram na formação contínua como ferramentas de resposta e de actualização da mesma aos problemas e necessidades dos docentes que, naturalmente, vão sofrendo ajustamentos.
A teoria, os conceitos, as metodologias e didácticas fazem parte da formação inicial e entram na formação contínua como ferramentas de resposta e de actualização da mesma aos problemas e necessidades dos docentes que, naturalmente, vão sofrendo ajustamentos.
Voltando à minha experiência já
longa na formação de docentes, sinto que o que de mais estimulante e, desculpem
a imodéstia, mais positivo me pareceu, foi trabalhar com professores de uma
escola a propósito de uma problemática emergente da sua prática e reflectir
sobre como tentar lidar com ela, com o muito que já sabemos e o com o que podemos vir
a saber.
Parece-me claramente necessária
uma reflexão global sobre a formação contínua nos seus diferentes aspectos.
Sem comentários:
Enviar um comentário