O DN apresenta um trabalho em que
se aborda uma iniciativa de pais especialistas em empresas de tecnologia de Silicon Valley no
sentido de colocar os filhos em escolas onde não lhes seja
permitido o contacto com computadores e dispositivos desta natureza. O trabalho
do DN associa esta posição a orientações seguidas em escolas que trabalham de acordo
com o designado “modelo Waldorf” nas quais o computador também não faz parte das actividades dos alunos antes dos 13 ou 14 anos e divulga experiências em Portugal. A jornalista solicitou-me alguns comentários a que
acrescento algumas notas.
Por princípio, tenho sempre
alguma dificuldade em aceitar decisões de natureza reactiva e radical em
matéria de experiências educativas proporcionadas às crianças.
O contacto precoce com as novas
tecnologias é, por princípio, uma experiência positiva para os miúdos, para
todos os miúdos, se considerarmos o mundo em que vivemos e no qual eles se
estão a preparar para viver. Como é óbvio, este contacto deve ser ajustado à
idade, no tempo de uso, nos conteúdos e actividades e é fundamental que seja mediado pelos adultos. Um ecrã não pode nunca transformar-se em "babysitter" ou ser o (quase) tudo na vida de crianças e adolescentes.
Como também é evidente e muitas
vezes aqui tenho defendido deve valorizar-se fortemente a importância do jogo e
do brincar na vida dos miúdos em casa, na escola ou nos espaços das
comunidades.
O computador/tablet na sala de
aula é mais uma ferramenta, não é A ferramenta, não substitui a escrita manual,
não substitui a aprendizagem do cálculo, não substitui coisa nenhuma, é
“apenas” mais um meio, muito potente sem dúvida, ao dispor de alunos e
professores para ensinar e aprender e agilizar o acesso a informação. Nesta perspectiva,
tenho alguma dificuldade em perceber a razão pela qual antes dos 13 ou catorze
anos as crianças e adolescentes não devem ter acesso a computadores ou a outros
dispositivos.
Comer faz bem às crianças, mas
comer excessivamente e produtos de má qualidade, provoca sérios problemas de saúde.
Que se eduque o consumo, sem se diabolizar ou exaltar o produto.
Como disse à jornalista “aquilo que faz parte do quotidiano dos
adultos deve ser do conhecimento das crianças, dentro dos respetivos parâmetros
etários: "Não vejo razão para que os ecrãs não estejam presentes, com a
devida cautela, com a devida mediação, com a devida parcimónia, na vida dos miúdos
mais novos. Não há nenhuma razão para isso, até porque são ferramentas de
acesso ao conhecimento mas também de adaptação à realidade que vão encontrar ao
longo da vida."
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