Ao que li no Público com alguma
perplexidade, numa conferência de imprensa em Guadalajara onde está no âmbito da
Feira do Livro, a Ministra da Cultura ao ser inquirida sobre desenvolvimentos
na questão das touradas respondeu, “Uma coisa óptima de estar em Guadalajara há
quatro dias é que não vejo jornais portugueses”.
Umas notas breves de um não
especialista sobre a questão da comunicação, sobretudo das lideranças
políticas.
A primeira questão é exactamente
essa, o peso social do mensageiro condiciona o conteúdo da mensagem, ou seja, a
mesma frase não tem o mesmo valor afirmada por um cidadão comum ou proferida
por uma figura com responsabilidades de decisão, neste caso em matéria de
cultura e políticas públicas nesta área. É ainda muito relevante que é a
Ministra da Cultura que tutela a comunicação social da qual se sente bem afastada
por estar fora do país.
Pode sempre afirmar-se que haverá
alguma razão nas afirmações ou que a intenção não traduz o valor facial das
afirmações.
No que respeita à eventual razão,
mesmo que em algumas situações pudesse ser entendida, toda a gente as ouve pelo
que não podem deixar de as analisar e levar em consideração.
Quanto à intenção, a sua não
existência, e acredito que possa não existir, não colhe. Numa certa altura do
desenvolvimento dos miúdos, o seu desenvolvimento moral e intelectual leva-os a
considerar que a sua não intenção de realizar algo, desculpa o que aconteceu,
tal entendimento traduz-se no frequente "foi sem querer" e como
"foi sem querer", não tem problema. Neste patamar, não funciona o "foi sem querer" e não podemos dizer a primeira "coisa que nos passa pela cabeça".
A questão é que as lideranças, as
que verdadeiramente lideram, apesar de não possuírem, felizmente, o dom da
infalibilidade e da perfeição, não podem, não devem proferir determinadas
palavras e persistirem teimosamente na sua afirmação.
São palavras (mal)ditas que ao longo dos anos têm sido proferidas por muita gente dos vários quadrantes políticos e áreas de intervenção.
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