domingo, 11 de novembro de 2018

ANTIGAMENTE O INVERNO


Está mais um dia cabaneiro aqui no meu Alentejo, a chuva está a chegar e parece vir grada, a terra a ficar carregada de água e algum vento.
Ontem na vila, onde as compras ainda incluem uma conversa com as pessoas das lojas, comentava-se, não podia deixar de ser, a água que se anunciava e o receio de que uma ventaneira mais forte ameace a azeitona que entrou em fase de colheita, o lagar já está a receber. Vai ser tarefa para as próximas semanas.
Invariavelmente as pessoas concluíam faz falta a água, assim vamos tê-la no Verão.
Li a referência ao risco de cheias e lembrei-me de como esta situação era frequente quando era miúdo. É certo que as barragens contribuem para a regularização dos caudais, mas só mesmo a abundância de chuva é capaz de produzir as cheias. As pessoas do Ribatejo sabem como as cheias eram importantes para a qualidade dos solos e conviviam naturalmente com a subida do Tejo, a cheia normal, por assim dizer. No fundo, é a mesma naturalidade com que as pessoas da Guarda e de Trás-os-Montes não se queixam do frio e afirmam a sua necessidade nas patéticas reportagens que as televisões fazem logo que a temperatura baixa um pouco mais. As pessoas sabem, por exemplo, que os pastos serão mais ricos quando lá mais para frente começarem a crescer.
Como é evidente, também podem ocorrer episódios mais violentos que trazem prejuízos e danos, às vezes pessoais, o que é naturalmente grave, se lamenta e não se deseja.
Em todo o caso, estamos no Outono e aproxima-se o Inverno. Será que nos desabituámos de viver um Inverno?

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