O DN de ontem apresentava um trabalho
sobre a fraude académica a propósito do balanço divulgado pela Universidade de
Coimbra contabilizando 77 processos desde 2012/2013.
De facto, o plágio é um fenómeno
em alta também no ensino superior, realidade que conheço melhor, mas não só, a
título de exemplo já tive textos do blogue plagiados. Considerando o volume
crescente de situações muitas instituições têm vindo a adoptar dispositivos de
despiste e regulamentos que minimizem o risco de tais práticas.
É verdade que de há uns tempos
para cá, felizmente, tem vindo a emergir e entrar na agenda a questão da
utilização da informação disponível, designadamente na net, na produção
fraudulenta ou nos limites da ética de trabalhos académicos e científicos da
mais variada natureza como é o caso dos artigos científicos falsos.
O Centro de Estudos Sociais da
Faculdade Economia da U. de Coimbra desenvolveu um estudo nacional sobre a
questão da fraude académica cujos dados apontavam no sentido de que de
que 37.6 % dos inquiridos aceita a fraude desde que “não prejudique ninguém”. A
estes dados, pode acrescentar-se um estudo da Universidade do Minho há algum
tempo divulgado tempos divulgado referindo que as situações de algum tipo de
“copianço” envolvem três em cada quatro estudantes.
Este reconhecido aumento das
situações de plágio que se verificam em todos os níveis de ensino, do básico à
formação pós-graduada, doutoramentos incluídos, bem como artigos científicos,
situação hoje bem retratada, elucida o que costumo designar por relação ética
que estabelecemos com o conhecimento e que os alunos mais novos replicam.
Aliás, no estudo da U. do Minho, dos alunos que admitiam copiar, 90 % afirmavam
fazê-lo desde sempre.
O conhecimento será entendido
como algo que se deve mostrar para justificar uma nota ou estatuto, não para
efectivamente integrar e, ou acrescentar uma mais-valia científica, ou seja,
importante mesmo é que a nota dê para passar, que o curso se finalize, que a
tese fique feita e se seja doutorado ou que se possa acrescentar mais um artigo
à produção científica num mundo altamente competitivo, muitíssimo competitivo.
Que tudo isto possa acontecer à custa da manhosice, do desenrasca mais ou menos
sofisticado, são minudências com as quais não podemos perder tempo.
É importante termos consciência
que esta questão não é um exclusivo nosso. São conhecidos recentes casos em
diferentes países da Europa. De qualquer forma, não deixa de ser uma
preocupação e justifica que as escolas, do básico ao superior, se envolvam
nesta tentativa de que todos tenhamos uma relação sólida do ponto de vista
ético com o conhecimento, a sua produção e divulgação.
O caminho passa pelo
estabelecimento obrigatório de códigos de conduta com implicações
sancionatórias severas e com uma atitude formativa e preventiva durante as
aulas.
O trabalho será sempre difícil
pois o actual contexto ao nível dos valores e da ética dos comportamentos e
funcionamento social é, só por si, um caldo de cultura onde o copianço, o
plágio ou a fraude científica, por vezes, não passam de "peanuts". É
a cultura do desenrascanço, não importa como.
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