quarta-feira, 10 de outubro de 2018

DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA. "ENTREGADOS" OU INTEGRADOS?


A referência a uma peça no Expresso sobre a longa caminhada da educação inclusiva e a forma como vão sendo experienciadas as mudanças introduzidas pelo DL 54/2018 para a qual me pediram uma pequena colaboração em que defendo o que tantas vezes tenho escrito e afirmado.
A legislação tem virtudes e é mais adequada que o DL 3/2008 embora tenha doutrina a mais. Do meu ponto de vista, a legislação deve ter princípios, regular procedimentos, ser o mais económica possível no estabelecimento de processos e não definir quadros teóricos.
Como aqui já tenho referido, o que vai acontecendo nas escolas, tenho e são conhecidos múltiplos relatos, não são situações pontuais, são situações graves de ausência de resposta educativa adequada e dos recursos e intervenção necessários e de eficiente regulação no período crítico de um processo de mudança.
Existem muitos casos de alunos com necessidades especiais “entregados” na sala de aula em nome da inclusão e …que se sentem e estão excluídos.
Apesar dos bons exemplos que felizmente sempre conhecemos e também merecem divulgação, a realidade, recorrendo a uma terminologia presente no DL 54/2008, acomoda professores e técnicos perdidos na mudança de paradigma, perdidos nas orientações e na inadequação dos recursos, nas medidas voluntaristas que quase parecem querer “normalizar” e “incluir” alunos, “entregando-os” nas salas de ensino regular, remetendo-os para "espaços outros" (agora já não se chamam "unidades") ou mesmo aconselhando a sua permanência em casa provocando exclusão e sofrimento, incumprimento de direitos, desespero nas famílias e também em professores e técnicos.
É esta realidade que me preocupa.

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