Desde 2007, a Associação
Empresários pela Inclusão Social - EPIS tem em desenvolvimento em algumas
dezenas de escolas do país um programa de combate ao abandono escolar e de
promoção do sucesso que tem atingido resultados positivos. Nos últimos dois anos
lectivos, o sucesso dos alunos apoiados no 2.º e 3.º ciclo atingiu os 86%, mais
7,4 pontos percentuais do que em 2016. No 1.º ciclo, o aproveitamento dos
alunos apoiados atingiu os 98,7%. Estes resultados
positivos sustentaram o desenvolvimento do programa noutros países da Europa.
A intervenção assenta na criação
de equipas de mediadores que promovem ou reconstroem, através de metodologias
diferenciadas, uma relação mais positiva com o contexto escolar por parte de alunos
em risco significativo de abandono e insucesso e também das suas famílias.
A EPIS intervém este ano lectivo em 44 concelhos
do continente, envolvendo 258 escolas com 156 técnicos a acompanhar cerca de
oito mil alunos. A imprensa de hoje divulga a extensão da intervenção ao ensino
secundário e à educação pré-escolar.
Este modelo, a utilização de
mediadores na relação de alunos em dificuldade e as suas famílias com a escola,
também tem sido utilizado em projectos com resultados positivos desenvolvidos
pelos Gabinetes de Apoio ao Aluno e à Família, estruturas criadas em algumas
escolas no âmbito da acção do Instituto de Apoio à Criança.
É também por isto que o Programa Tutorial que está em desenvolvimento por parte do ME é, potencialmente, um
dispositivo interessante conforme já tenho afirmado e as boas práticas
nacionais e internacionais vêm confirmando apesar de alguns dificuldades que já
aqui referi.
A questão é que exigem recursos
nem sempre disponíveis em quantidade e adequação ou têm o suporte de estruturas
exteriores à escola como é o caso da EPIS ou do IAC, não que seja negativo mas porque não
chega a todas escolas e o Programa Tutorial é manifestamente insuficiente.
A existência de figuras de
mediação em contexto escolar, que transcende a função fundamental,
subvalorizada e subaproveitada do meu ponto de vista, do Director de Turma, com
o recurso a metodologias diferenciadas de trabalho com alunos, professores e
famílias é, reconhecidamente, um contributo muito importante para a qualidade
dos processos educativos e do trabalho de alunos e professores, diminuindo
riscos de insucesso e abandono.
Nesta perspectiva levanta-se uma
questão que me parece importante. Por um lado, a EPIS é uma associação de
empresários que no âmbito da responsabilidade social e mecenato apoiam o
desenvolvimento destas actividades em escolas públicas e o IAC é também uma
estrutura exterior à escola.
Muitos dos professores que têm
sido “forçados” a abandonar o sistema por diferentes razões e circunstãncias poderiam
com relativa facilidade e formação desenvolver nas escolas o trabalho de
mediação, por exemplo, que estruturas e meios, muitas vezes exteriores à escola
vêm realizar, sendo que assim se abrangeriam as escolas públicas, todas as que
necessitassem, não apenas as "privilegiadas" que acedem aos projectos
da EPIS ou do IAC com critérios certamente ponderados mas que deixarão de fora
comunidades com dificuldades.
A questão é que medidas desta
natureza implicam a defesa de uma escola pública para todos, com os recursos
suficientes e competentes para apoio a alunos, professores e famílias.
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