Foi divulgado durante a semana o
relatório da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, “Educação em Números – Portugal 2018”.
Para além de outros dados parecem
particularmente relevantes os indicadores relativos ao perfil etário dos
docentes que mostram o acentuar do envelhecimento da classe.
No que respeita à educação
pré-escolar 48.5% dos educadores de infância tem 50 ou mais anos. No 1º ciclo a
percentagem é de 35.6%, no 2º é de 49.6% e no 3º ciclo e ensino secundário é de
45.2%. Podemos afirmar que à excepção do 1º ciclo, em todos os patamares do
sistema perto de metade dos professores tem 50 ou mais anos.
Como escrevi há algum tempo, num
país preocupado com o futuro este cenário faria emitir, como hoje
dramaticamente está bem presente, um alerta vermelho e agir em conformidade.
Acresce que como diferentes
estudos realizados e em desenvolvimento mostram que, tal como se passa noutros
sistemas também em Portugal os docentes expressam elvados e preocupantes
indicadores de “burnout”, estado de esgotamento físico e mental provocado pela
vida profissional, associado a baixos níveis de satisfação profissional.
Este quadro é inquietante, uma
população docente envelhecida e a revelar preocupantes sinais de desgaste.
Também se sabe que as oscilações
da demografia discente não explicam a saída de milhares de professores do
sistema, novos e velhos, como também não é previsível dadas as circunstâncias
do recrutamento que os docentes que conseguiram entrar para o quadro contribuam
de forma significativa para a renovação etária. Muitos dos que entraram têm
carreiras longas vividas em situação precária.
Não esqueçamos ainda a deriva
política a que o universo da educação tem estado exposto nas últimas décadas, com
o alimentar de políticas públicas que não valorizam os professores com impacto
evidente no clima das escolas e nas relações que a comunidade estabelece com
estes profissionais.
Sabemos que os velhos não sabem
tudo e os novos nem sempre trazem novidade. Mas também sabemos que qualquer
grupo profissional exige renovação pelas mais variadas razões incluindo
emocionais, de suporte, partilha de experiência ou pela diversidade.
As salas de professores são cada
vez mais frequentadas, quando há tempo para isso, por gente envelhecida,
cansada e pouco apoiada que muitas vezes pergunta "Quanto tempo é que te
falta?"
Na verdade, ser professor é uma
das funções mais bonitas do mundo, ver e ajudar os miúdos a ser gente, mas é
seguramente uma das mais difíceis e que mais respeito e apoio deveria merecer.
Do seu trabalho depende o nosso futuro, tudo passa pela educação e pela escola.
Os sistemas educativos com melhores
resultados são, justamente, os sistemas em que os professores são mais
valorizados, apoiados e reconhecidos.
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