Apesar de algumas afirmações que me parecem susceptíveis de discussão, o texto de Vera Silva no Público, “Sobredotados: espectros de sabedoria”, aborda uma matéria que justifica uma atenção que nem sempre
merece, o trajecto de alunos sobredotados.
Este grupo que de acordo com os
especialistas se estima até cerca de 80000 crianças e jovens em Portugal,
enquanto grupo minoritário sofre com essa natureza. Parece consensual que os
apoios aos alunos, professores e pais são manifestamente insuficientes. Aliás e
como muitas vezes aqui tenho referido, esta questão envolve crianças e
adolescentes com necessidades especiais de diferentes naturezas. Nada de novo,
portanto, lamentavelmente.
No caso mais particular das
crianças com sobredotadas acrescem algumas outras questões. Em primeiro lugar a
dificuldade em avaliar este tipo de situações e o desconhecimento genérico
sobre esta matéria que parte significativa dos agentes educativos evidencia. Em
muitas situações, conheci algumas, os comportamentos e o funcionamento das
crianças e até mesmo as dificuldades escolares experimentadas por algumas eram
considerados consequência das mais variadas razões nunca relacionadas com um
quadro de sobredotação.
Acontece ainda que com alguma
frequência se estabelece o enorme equívoco de que "se a criança é
sobredotada não precisa de ajuda", sendo que o próprio Ministério da
Educação assim considerou durante muito tempo.
Na verdade, as crianças e
adolescentes com sobredotação podem experimentar enormes dificuldades no seu
percurso educativo a que as escolas dificilmente dão respostas, tal como têm
dificuldade em assegurar respostas eficazes e com os recursos necessários a
outros grupos de alunos.
Sem ser um especialista nesta
área, a sobredotação, entendo que a única forma de responder à diferença entre
os alunos é diferenciando o trabalho educativo, diferenciando as respostas
educativas, construir modelos curriculares de natureza mais aberta e flexível
tal como definir dispositivos de avaliação também com algum nível de
diferenciação e, finalmente ter modelos de autonomia e organização escolar
reais bem como dispositivos de apoio competentes e suficientes.
Este cenário, enunciado a
propósito dos alunos sobredotados, é a melhor forma de acomodar as diferenças
entre os alunos, qualquer que seja a sua expressão, e promover, de facto, uma
educação inclusiva que idealmente não deixe ninguém para trás.
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