No início de Janeiro, Passos
Coelho informou que tencionava colocar a acção política em banho-maria e iria
“tratar da vida”.
Na altura escrevi que “Se
exceptuarmos um ex-político que foi estudar para Paris após a saída de cena e
considerando os usos e costumes do reino financiado por um amigo filantropo,
Passos Coelho, com base no seu extenso e sólido currículo profissional e
mediante concurso, irá ocupar lugares de administração em múltiplas empresas
onde desempenhará a emergente e relevantíssima função profissional de
facilitador.
Muito provavelmente e
aproveitando o seu fortíssimo currículo académico e científico candidatar-se-á
também à docência universitária numa prestigiada universidade portuguesa ou
estrangeira onde inspirará e ensinará as novas gerações” com o tanto que estudou,
investigou e produziu.
Estranhamente, ainda não se
verificou a primeira opção, será uma questão de tempo, talvez um pequeno
período de nojo (que palavra mais adequada).
A segunda já é conhecida, Passos
Coelho irá desempenhar funções docentes em três universidades públicas e
privadas.
Para já e de acordo com o Jornal de Negócios será docente em ciclos de estudo de Mestrado e doutoramento no Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa.
Terá a categoria de professor
catedrático convidado e o estatuto salarial do mesmo patamar de carreira, o
topo da carreira universitária.
É impossível ler isto sem um
sobressalto de indignação.
Não, não é por não entender que uma figura com uma carreira política relevante possa colaborar em actividades docentes no ensino superior.
Não, não é por ser docente universitário conhecedor dos custos multivariados da construção de uma carreira. Tenho um estômago resistente.
Não, não é por ser docente universitário conhecedor dos custos multivariados da construção de uma carreira. Tenho um estômago resistente.
Não, não é por saber dos
problemas e das enormes dificuldades de progressão que afectam todos os docentes e também os universitários.
Não, não é por saber da enorme
dificuldade de rejuvenescer uma classe docente também ela envelhecida.
Não, não é por saber que existem
nas universidades públicas e privadas muitos de jovens com currículos
científicos já sólidos e que não vislumbram acesso à carreira.
Não, não é por saber que muitas
pessoas que dão aulas em estabelecimentos de ensino superior são “convidadas” a
fazê-lo como horários e remunerações inaceitáveis e indignas.
É só mesmo porque considero um
despudor e um insulto à generalidade dos docentes universitários.
E assim se cumpre o Portugal dos
Pequeninos.
PS – A posição tomada por uma
figura menor da política do Portugal dos Pequeninos, Sérgio Sousa Pinto,
sobre a defesa da bondade da contratação de Passos Coelho como Professor
Catedrático Convidado, afirmando que quem discorda e produz "insulutos vomitados" se trata de “pessoal menor da
academia” mostra que, evidentemente, Sérgio Sousa Pinto não percebe que o que
está em causa não é o facto de Passo Coelho dar aulas no ensino superior. Mas também
não adianta repetir, Sérgio Sousa Pinto não vai entender isto como não entende
muitas outras coisas que se passam fora do seu centro de análise, o umbigo.
Talvez em bicos de pés alguém olhe para ele.
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