Quando saiu de mais uma reunião a
professora Maria encontrou o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala
com os livros, e como o assunto em discussão estava fresco interpelou-o com
curiosidade.
Olá Velho, tudo bem contigo?
De volta dos livros na biblioteca
e com os miúdos a passar por lá, estou bem.
Estivemos agora a discutir um
assunto complicado, os programas, as disciplinas, os conteúdos. Não é nada
fácil. De uma maneira geral todos achamos que os miúdos têm muitas disciplinas,
e que também é preciso pensar nos conteúdos que se ensinam em cada uma. O
problema é que rapidamente quase todos achamos que a nossa disciplina é a mais
importante e que tudo que se ensina em todas faz falta.
Tens razão Maria, não é fácil.
Também acho que são disciplinas a mais, que os conteúdos são extensos. Mas por
outro lado os miúdos precisam de aprender umas coisas que deixaram de aprender
ou que nunca lhes ensinaram.
Velho, não me digas que ainda é
preciso mais disciplinas, já são demais.
Não, estou a dizer que os miúdos
precisam de menos disciplinas mas que lhes ensinem coisas que precisam de
aprender.
Estás a falar de quê?
Assim, de repente, acho que os
miúdos precisam de aprender a cair, para saber como se levantar. Precisam de
aprender a escutar, para serem ouvidos. Precisam de aprender a brincar, para
saber o que é trabalhar. Precisam de aprender a falhar, para saber acertar mais
vezes e mais facilmente. Precisam de aprender a arriscar, para perder o medo de
aprender. Precisam de aprender a pensar, para saber decidir. Precisam de
aprender o não, para saber tomar conta de si. Precisam de aprender a trocar,
para saber ter. Precisam de aprender a falar, para saber comunicar. Precisam de
aprender o dever e o direito, para poder ser. Maria, acho que aprendem melhor
isto se tiverem menos disciplinas e aprendem melhor as coisas das disciplinas
se aprenderem isto.
Velho, sei que não simpatizas com
o trabalho de casa, mas arranjaste-me um bem inesperado, pensar nisso.
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