Ao contrário do que aconteceu no
resto do país os episódios de delinquência em recinto escolar ou no seu
perímetro aumentaram 10% nas escolas da área metropolitana de Lisboa em 16/17, a
mesma taxa de abaixamento no restante território para o mesmo período. Não
conheço as razões para esta situação mas a escala de problemas e a correspondente
escala de necessidade de recursos não deverá ser alheia à subida.
Como é sabido e reconhecido a
instituição escola é de alguma forma um espelho das comunidades em cada momento
da história pelo em comunidades com índices de criminalidade significativos,
com níveis de desesperança e dificuldades, com alterações nos quadros de
valores, não será estranho que tal clima se reflicta no contexto escolar.
No entanto, a escola não pode ser
responsabilizada e considerada competente por e para todo o universo de
problemas nos comportamentos dos mais novos. Para situações de pré-delinquência
ou perturbações do comportamento, por exemplo, pode, evidentemente, dar
contributos mas não assumir a responsabilidade pelo que importa clarificar a
análise.
Neste sentido, importa definir
dimensões diferentes ainda que associadas, a delinquência verificada em
contexto escolar ou nas proximidades e a indisciplina escolar que, aliás também em níveis preocupantes.
Neste quadro tal como nos
resultados escolares, também se deseja que a escola possa fazer a diferença em
matéria de comportamentos.
Para que tal possa acontecer é
necessário mais do que o desejo, a retórica e a boa vontade e empenho de
direcções, professores, técnicos, funcionários, alunos e pais.
Algumas notas avulsas e sem
hierarquia de importância.
Apesar de sabermos que o trabalho
desenvolvido no âmbito da Formação Cívica seria pouco interessante em algumas
escolas o seu desaparecimento dos conteúdos curriculares obrigatórios não
poderia ter acontecido. Muitas escolas procuraram e procuram desenvolver
projectos e iniciativas neste âmbito mas faltam recursos docentes e técnicos.
Nos espaços curriculares
existentes dificilmente cabem abordagens mais diferenciadas face à pressão
decorrente de programas demasiado extensos e prescritivos. A esta situação
acresce o número de alunos por turma que se verifica em muitos territórios
educativos. Não é certamente por acaso que na generalidade das instituições de ensino
privado que conheço continuam a existir espaços curriculares e actividades
dedicadas à formação pessoal dos alunos.
Faltam professores que possam
desenvolver projectos com impacto nos comportamentos dos alunos, faltam
técnicos, psicólogos por exemplo que podem ser um contributo para minimizar
risco de comportamentos desajustados e mediar o trabalho com famílias.
Faltam funcionários, assistentes
operacionais, que com alguma formação permitam melhor acompanhamento de
recreios e outros espaços escolares minimizando o risco de comportamentos
desajustados.
Falta uma menor carga burocrática
em cima do trabalho de docentes e um clima de maior serenidade nas escolas, uma
variável reconhecidamente com impacto nos comportamentos de todos os que nela
vivem.
Procurar responder desde cedo aos
riscos de comportamento socialmente inadequado o que é um investimento com
retorno garantido.
No entanto, como sempre, é uma
questão de opção política.
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