quarta-feira, 7 de março de 2018

OS PREGUIÇOSOS DO SUL


Um estudo “O mercado de trabalho em Portugal e nos países europeus” realizado pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho com base nos dados recolhidos pelo Eurostat mostra mais uma vez uma realidade que alguns teimam em esconder ou esquecer.
Por ano, os portugueses passam em média mais três semanas no trabalho do que alemães ou holandeses e também gozam menos dias de férias, 22 dias face aos 30 dias dos alemães e os 25 dias dos holandeses sendo que a média europeia é de 24,6 dias de férias por ano. (lembram-se da nacionalidade daquele rapaz, Jeroen Dijsselbloem ex-presidente do Eurogrupo, que acusou os países do Sul da Europa de gastar dinheiro "em copos e mulheres" quando eram habitual falar dos “preguiçosos do sul”?).
Estes dados apenas mostram a continuidade do têm sido os últimos anos. É claro que também seria interessante comparar os dados actuais dos níveis salariais em função das horas de trabalho. Sim eu sei que tempo de trabalho não tem relação directa com produtividade mas como indicador é pertinente. Aliás é como é sabido, quase sempre a questão não é mais trabalho mas melhor trabalho. Sobre esta questão importa também não esquecer que Mais de um terço dos empregadores (dirigentes, directores e gestores) em Portugal tem apenas a escolaridade básica, ou seja, menos qualificação média que os empregados.
Dá tanto jeito vender a ideia de que os preguiçosos do Sul não trabalham e por isso merecem a pobreza. Assistimos há demasiado tempo a uma despudorada e intencional manipulação de dados para intoxicar as opiniões públicas de muitos países incluindo por cá.
A estatística é uma chatice, dá cabo dos preconceitos.
Ou não.

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