O JN trata com algum destaque o
problema da solidão. Num tempo em que toda a gente parece integrar uma ou
várias redes sociais parece estranha a referência à solidão com uma condição
que pode matar.
Estudos recentes divulgados pela Associação
Americana de Psicologia evidenciam as consequências sérias da solidão, quer em termos de
saúde física como de saúde mental.
De facto a solidão, o sozinhismo,
é uma condição que afecta imensa gente de várias idades, mesmo nos mais novos,
mas que atinge com particular incidência os mais velhos e tem vindo a acentuar-se na sequência da alteração dos estilos de
vida e dos valores que tecem a vida das comunidades.
No entanto a questão agrava-se
com os muitos que para além de viverem sós, vivem isolados sendo sobretudo
nestes que o sozinhismo ataca.
De facto, algumas pessoas, por
condições económicas, dignidade e preservação da autonomia vivem sós, mas não
estão isolados. Outros acumulam, vivem sós e isolados, por impotência, falta de
recursos ou de família.
Apesar do que consta nas
certidões de óbito, especialmente nos tempos do frio, estou convencido que a
verdadeira causa da morte de muitos velhos é o sozinhismo, a doença que ataca
os que vivem sós, isolados, que perderam o amparo. Ataca especialmente os
velhos mas não só os velhos.
Trata-se de uma doença moderna,
cujas causas são conhecidas, cujo terapia também está encontrada, mas que
parece difícil combater. Estão em extinção as relações de vizinhança e a
vivência comunitária, fontes privilegiadas de protecção dos mais velhos.
Quem não vive só, isolado, mais
facilmente resiste às mazelas de diferente natureza que a idade traz quase
sempre. As pessoas são, espera-se, fonte de saúde e calor.
Reafirmo que embora tenha
referido mais em particular a situação dos velhos, o sozinhismo também ataca
crianças e jovens com consequências por vezes devastadoras.
Na verdade, o sozinhismo poderá
ser verdadeiramente a causa ou o gatilho de problemas para muita gente.
No entanto e como sempre, para
além das necessárias políticas sociais emergentes do estado e das instituições
privadas de solidariedade impõe-se a percepção pelas comunidades,
designadamente pelas famílias, do drama da solidão e do isolamento.
É também uma questão de redes
sociais, mas não das virtuais.
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