Era uma vez um Rapaz que tinha, não se percebia bem, mas aí uns doze anos e andava numa escola. Parecia mais velho. Era um bocado diferente dos outros alunos. A pele não era igual, não falava com as mesmas palavras, não olhava para os adultos da mesma maneira que os outros, não fazia os trabalhos da escola da mesma forma que os outros. Às vezes nem os fazia, os de casa então, nunca. Mas a diferença maior era no modo como o Rapaz era. Era inquieto, sempre com perguntas, às vezes estúpidas para arreliar os professores, diziam eles. Era irrequieto, sempre em movimento como quem tem pressa sem saber para quê. Era falador quando devia estar calado e calava-se quando lhe pediam para falar. Era, parecia, desinteressado nas coisas das aulas, sempre com ar de não perceber porque teria de aprender aquilo. Era um cabeça no ar, diziam-lhe, o que até achava estranho pois em que sítio quereriam que tivesse a cabeça? No chão? Os professores tinham alguma dificuldade em perceber o Rapaz. Na escola havia um professor muito velho que, como já só falava muito baixo não dava aulas, estava na biblioteca a olhar pelos livros. Quando os professores mais novos lhe contaram o Rapaz, ele disse-lhes, baixinho.
“O Rapaz é um peixe e o aquário dele ainda não é a escola. É assim tão agitado para ver se respira. Vejam lá de que aquário veio, tragam alguma água desse aquário e misturem-na com a água deste aquário, a escola”. E lá foi nadando para o meio dos livros.
“O Rapaz é um peixe e o aquário dele ainda não é a escola. É assim tão agitado para ver se respira. Vejam lá de que aquário veio, tragam alguma água desse aquário e misturem-na com a água deste aquário, a escola”. E lá foi nadando para o meio dos livros.
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