sexta-feira, 11 de abril de 2008

ESPIONAGEM NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Uma notícia hoje em destaque refere que o correio electrónico dos deputados da Assembleia da República andará a ser violado. É grave que tal situação ocorra, pois representa um atentado à privacidade e, logo, aos direitos individuais. Importa assim proceder às necessárias investigações, apurar o que se passa e eventuais responsáveis. Dizem os manuais que um dos passos da investigação de eventuais ilícitos passa pela definição do móbil, dos objectivos pretendidos. Tentei fazer um exercício que nos ajudasse neste processo e cá vai. Em primeiro lugar deve explorar-se a hipótese de estarmos perante espionagem económica por parte de outros parlamentos. A surpreendente produtividade, eficácia e qualidade do trabalho da maioria dos deputados tem desencadeado uma verdadeira onda de curiosidade internacional, transformando-se num apetecível “case study” que poderia justificar uma investida à margem da lei. Outra hipótese que me parece de considerar, remete para uma eventual responsabilidade do Governo. Como é sabido os debates na AR não têm corrido particularmente bem ao Eng. Sócrates devido à qualidade e consistência das oposições e da posição independente e crítica que o PS adopta na Assembleia. Assim, pode haver a tentação de espiar no sentido de antecipar as iniciativas dos partidos representados. Pode ser muito importante saber que causas fracturantes é perguntas embaraçosas o Bloco colocará no próximo debate, saber se o PC dirá a mesma coisa como sempre ou prepara algo de surpreendente, saber os deputados do PSD continuam a dizer mal uns dos outros, chegar aos poemas de Mendes Bota ou conhecer a agenda do Menino Guerreiro S. Lopes e a sua comunicação com o Action Man Menezes. Relativamente ao PP é que não vejo qual o objectivo pois o Dr. Portas usa umas fichazinhas e umas frases de cariz publicitário que, prudente como ele é, não deixará no computador nem partilha com ninguém, sendo que os outros deputados, tal como os de outras bancadas, apenas farão circular os fws que pedem para não se quebrar a cadeia de comunicação. Finalmente e no que se refere ao PS, é possível que o Governo queira assegurar-se previamente de que não se confrontará como uma atitude crítica e isenta como é tão frequente. Vamos ver o que dá a investigação.

1 comentário:

Anónimo disse...

No seio político fica tudo entre o pecado (muitos) e a penitência (pouca).


Saudações