domingo, 6 de novembro de 2022

"COMO É QUE CORREU O TESTE?"

 É Domingo, não parece boa ideia falar do trabalho, da escola. Acontece que há pouco os meus netos me disseram que estavam a preparar-se para a ficha de amanhã, de Matemática, o Tomás no 1º ano e o Simão no 4º.

Recuei no tempo e lembrei-me que nestas alturas, no dia do teste, o meu pai invariavelmente me perguntava “como é que correu o teste?” e eu sempre respondia, mais ou menos e a coisa era mesmo assim, lá ia dando para “passar”. O tempo andou e comecei a perguntar ao meu filho, “como é que correu o teste?” e agora, amanhã, perguntarei aos netos “como é que correu o teste? O teste é de todos os tempos da escola e é necessário que seja.

Felizmente, não me pareceram muito preocupados com o “teste”, faz parte do trabalho deles, como faz parte do trabalho dos professores, não há educação escolar sem avaliação.

O que desejava é que esta imprescindível dimensão e o trabalho que envolve tivessem como preocupação a simplificação, estivessem libertos da pressão “grelhadora” e da burocracia asfixiante a que professores e escolas estão sujeitos. Seria bem ais útil para todos.

Não vale a pena correr atrás de novos paradigmas, de discursos e propostas de práticas travestidas de inovação que nada acrescentam e, por vezes, vêm complicar. É verdade que andar atrás do “novo” é uma tentação para muitos e alimenta portfólios e apresentações.

Como é evidente, este apelo à simplificação não tem a ver com menos rigor, qualidade, intencionalidade educativa ou não proporcionar tempo de efectiva aprendizagem para todos. Antes pelo contrário, se conseguirmos simplificar processos e recursos, incluindo a avaliação, alunos, professores e famílias beneficiarão mais do esforço enorme que todos têm de realizar e estão a realizar.

Sempre que falo desta questão recordo-me do Mestre João dos Santos, a quem tarda uma homenagem com significado nacional, quando dizia, cito de memória pelo privilégio de ainda o ter conhecido e ouvido, que em educação o difícil é trabalhar de forma simples, é mais fácil complicar, mas, obviamente, menos eficaz, menos produtivo e muito mais desgastante.

Talvez valesse a pena tentarmos esta via de maior simplificação. As circunstâncias já são suficientemente complicadas.

Assim, estimados netos Tomás e Simão, que a ficha vos corra bem e que ajude as vossas professoras a percorrer convosco a estrada que leva ao futuro.

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