É Domingo, não parece boa ideia falar do trabalho, da escola. Acontece que há pouco os meus netos me disseram que estavam a preparar-se para a ficha de amanhã, de Matemática, o Tomás no 1º ano e o Simão no 4º.
Recuei no tempo e lembrei-me que
nestas alturas, no dia do teste, o meu pai invariavelmente me perguntava “como
é que correu o teste?” e eu sempre respondia, mais ou menos e a coisa era mesmo
assim, lá ia dando para “passar”. O tempo andou e comecei a perguntar ao
meu filho, “como é que correu o teste?” e agora, amanhã, perguntarei aos netos “como
é que correu o teste? O teste é de todos os tempos da escola e é necessário que seja.
Felizmente, não me pareceram muito
preocupados com o “teste”, faz parte do trabalho deles, como faz parte do
trabalho dos professores, não há educação escolar sem avaliação.
O que desejava é que esta imprescindível
dimensão e o trabalho que envolve tivessem como preocupação a simplificação,
estivessem libertos da pressão “grelhadora” e da burocracia asfixiante a que professores
e escolas estão sujeitos. Seria bem ais útil para todos.
Não vale a pena correr atrás de
novos paradigmas, de discursos e propostas de práticas travestidas de inovação
que nada acrescentam e, por vezes, vêm complicar. É verdade que andar atrás do “novo”
é uma tentação para muitos e alimenta portfólios e apresentações.
Como é evidente, este apelo à
simplificação não tem a ver com menos rigor, qualidade, intencionalidade
educativa ou não proporcionar tempo de efectiva aprendizagem para todos. Antes
pelo contrário, se conseguirmos simplificar processos e recursos, incluindo a
avaliação, alunos, professores e famílias beneficiarão mais do esforço enorme
que todos têm de realizar e estão a realizar.
Sempre que falo desta questão
recordo-me do Mestre João dos Santos, a quem tarda uma homenagem com
significado nacional, quando dizia, cito de memória pelo privilégio de ainda o
ter conhecido e ouvido, que em educação o difícil é trabalhar de forma simples,
é mais fácil complicar, mas, obviamente, menos eficaz, menos produtivo e muito
mais desgastante.
Talvez valesse a pena tentarmos
esta via de maior simplificação. As circunstâncias já são suficientemente
complicadas.
Assim, estimados netos Tomás e
Simão, que a ficha vos corra bem e que ajude as vossas professoras a percorrer
convosco a estrada que leva ao futuro.
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