Há já uns tempos conheci um rapaz. Chamava-se Perfeito.
Na escola onde andava não havia ninguém como ele. Nas aulas,
apenas falava para esclarecer dúvidas ou ajudar os colegas, pedindo
antecipadamente autorização, claro. Os materiais e trabalhos do Perfeito
estavam sempre em dia e bem organizados. Mostrava os conhecimentos esperados
sobre todas as matérias. Nos intervalos brincava de forma tranquila, envolvido
nos jogos e actividades próprias da sua idade.
Era simpático para com os colegas, professores e
funcionários que, naturalmente, adoravam o Perfeito.
Em casa era arrumado com as suas coisas, colaborava nas
tarefas e ainda encontrava tempo para ajudar a irmã mais nova nos trabalhos de
casa e, até para dia sim, dia não, telefonar aos avós. Gostava de falar com os
pais e, por vezes, gostava de se envolver em conversas muito interessantes
sobre o que lia. Não era exigente com a roupa, gostava de ler, ouvir música e
algum tempo em pesquisas no computador sobre temas de tecnologia que muito
interessavam.
Os vizinhos do prédio adoravam o Perfeito, sempre com um
sorriso e pronto a ajudar a D. Adosinda com o saco das compras.
Há alguns meses que não sei o que tem sido do Perfeito.
Perdi o livro onde ele morava.
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