No Público está um texto de Paulo Prudêncio, ”Já só há espaço para o conformismo”. A reflexão sobre a escola e o clima que nelas se vive justifica leitura. A propósito, algumas notas.
Os tempos vão duros para toda a
comunidade e, naturalmente, também se repercutem na escola. Como muitas vezes aqui abordo, a
escola, a instituição escola, vive ela própria tempos complicados, envelhecimento,
desencanto e cansaço em muitos docentes que interage com a falta de professores e se associa ao conformismo de que fala Paulo Prudêncio, climas institucionais
nem sempre amigáveis e fonte de apoio e tranquilidade, falta de recursos, de auxiliares de educação e técnicos, os ainda presentes efeitos de dois anos
completamente atípicos, um modelo de “municipalização” que levanta dúvidas, alterações nos quadros
de valores e representações das comunidades que se traduzem na relação com a escola e com os professores, algumas dimensões
inadequadas das políticas públicas de educação, etc., etc.
No entanto, é esse o ponto que
queria sublinhar, apesar de como aqui tantas vezes tenho referido considerar
urgente a reflexão e intervenção adequada relativamente aos problemas dos
alunos, aprendizagens e comportamentos, às questões sérias que envolvem os
professores incluindo as de natureza profissional, às relações interpessoais e
clima social ou de organização, ao funcionamento e governação das escolas, não
simpatizo com a alimentação da ideia de que todos os que diariamente chegam às
escolas entram no inferno, o que não remete para o texto do Paulo Prudêncio,
mas para muitos discursos sobre a escola. Tal entendimento não invalida o saber
que para alguns professores, funcionários e alunos a escola será … o inferno.
A verdade é que, apesar de todos
os constrangimentos e dificuldades e do que ainda está por fazer, o trabalho
desenvolvido por professores, técnicos, funcionários e alunos é bem-sucedido na
maioria das situações e isso deve ser sublinhado. De uma forma geral,
professores, técnicos, funcionários e alunos, quase todos, fazem a sua parte.
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