Uma tarde destas, num dos poucos dias em que não tinham actividades de férias, o Manel e o primo, o João, aproveitavam para brincar que é uma coisa interessante para fazer nas férias quando dão tempo para isso aos miúdos. Estavam na casa do João e para variar do que tinham estado a fazer, o Manel, que gosta de ter ideias, lembrou-se de inventar um jogo. Cada um contava uma história pequena e o outro tinha que descobrir se era uma mentira ou uma história verdadeira.
Com a experiência e a imaginação
dos oito anos o jogo foi ganhando animação e o Manel e o João esmeravam-se na
criação dificultando o trabalho do outro, tornando extremamente equilibrado o
resultado do jogo.
A certa altura entrou no cenário
o Pai do João que, perante a animação e a estranheza da tarefa, quis perceber
de que actividade se tratava.
Entusiasmados os miúdos
explicaram e como é habitual nestas alturas o Pai quis entrar no jogo. Quase em
coro o Manel e o João recusaram liminarmente e o Pai pediu-lhes uma explicação
para a recusa.
O Manel, com um ar sério, disse
que os adultos estão muito mais habituados a inventar mentiras que parecem
verdades do que os miúdos. Assim o jogo não era equilibrado, não era justo.
O Pai do João ficou com a ideia
de que tinha acabado de ouvir algo que não era propriamente um elogio.
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